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Emprego e direitos, as principais preocupações dos jovens na Índia

17/04/2024 09h38

Quase 130 milhões de jovens entre 18 e 22 anos poderão votar pela primeira vez nas eleições gerais da Índia, o país mais populoso do mundo, a partir do início das eleições nesta sexta-feira (19), com o emprego e os direitos como suas principais preocupações.

O primeiro-ministro, Narendra Modi, de 73 anos, do partido nacionalista hindu Bharatiya Janata (BJP), é o favorito para conquistar um terceiro mandato consecutivo.

O período eleitoral terá duração de várias semanas e terminará no dia 1º de junho.

Ao todo, 970 milhões de pessoas serão convocadas a eleger os 543 membros da Câmara Baixa.

A AFP entrevistou quatro jovens que votarão pela primeira vez para saber em quem depositarão seus votos e quais são os temas que mais os preocupam.

- O estudante -

Abhishek Dhotre, estudante universitário de 22 anos, de Mumbai, conta que não está satisfeito com a "discórdia comunitária observada em toda a Índia" como resultado do forte nacionalismo hindu do governo. 

A gestão de Modi levou a fé hindu, a majoritária na Índia, para a vida política, causando preocupação entre os muçulmanos e outras minorias sobre o futuro do país oficialmente laico.

Apesar disso, a economia segue crescendo de forma vertiginosa, chegando a ultrapassar o Reino Unido em 2022 ? ex-potência colonial - para se tornar a quinta maior economia do mundo. Dhotre espera que Modi e o BJP ganhem novamente. 

"Com o desenvolvimento, a infraestrutura e tudo o que está acontecendo, prefiro que o atual governo fique", explica.

- A desenvolvedora de software - 

Thrishalini Dwaraknath, de 20 anos, é a personificação das mudanças econômicas da Índia e está prestes a se mudar de Tamil Nadu para o centro tecnológico de Bengaluru, ambos no sul, para trabalhar como desenvolvedora de software. 

"Estou emocionada de participar na democracia indiana e expressar a minha opinião pela primeira vez e estou feliz de que a minha voz importe", declarou.

A jovem elogiou o governo de Modi pelas suas conquistas, mas afirmou que é preciso fazer mais para ajudar milhões de jovens indianos desempregados a encontrarem trabalho. 

No último trimestre de 2023, o PIB da Índia cresceu robustos 8,4%, impulsionado pelo setor industrial. Mas a frustração de muitos jovens continua aumentando devido à falta de oportunidades.

Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), 29% dos jovens formados no ensino superior estavam desempregados em 2022.

"É fundamental falar sobre a brecha entre os estudantes e o mercado de trabalho", disse ela.

- O agricultor -

O agricultor do estado de Punjab Gurpartap Singh, de 22 anos, é um dos que definitivamente não apoiará o partido no poder.

Os agricultores deste estado no norte do país foram a espinha dorsal de um protesto que durou um ano em 2021 contra os esforços do governo Modi para introduzir reformas de mercado no setor agrícola da Índia. 

As medidas acabaram sendo arquivadas, marcando uma rara derrota política para o primeiro-ministro, mas os agricultores afirmam que suas exigências ainda não foram atendidas.

"Muitos agricultores morreram nos protestos. Não receberam nenhuma justiça", declarou Singh.

Os trabalhadores rurais constituem uma importante parte dos eleitores no país, uma vez que centenas de milhões de pessoas vivem da terra.

"O governo que pensar nos agricultores e nos jovens é o governo que deveria chegar ao poder", completa o jovem.

- A mulher trans -

Na Índia há uma significativa comunidade trans, calculada em vários milhões de pessoas. 

A fé hindu tem muitas referências a um "terceiro gênero", e uma decisão da Suprema Corte de 2014 afirmou que as pessoas podem ser legalmente reconhecidas desta forma.

No entanto, continuam enfrentando discriminação e Salma, uma mulher trans muçulmana da cidade sagrada de Varanasi, não acredita que esta situação mudará com o governo do BJP. 

"Durante todo o tempo em que este governo esteve no poder, não fez nada de bom por nós", afirma ela, que preferiu não dizer em quem votará, mas que luta para que as pessoas trans obtenham "os mesmos direitos".

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© Agence France-Presse

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