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Por que rodar com tanque 'transbordando' ou na reserva detona o seu carro

Geremias Orlandi/Futura Press/Folhapress
Imagem: Geremias Orlandi/Futura Press/Folhapress
do UOL

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

19/03/2024 04h00Atualizada em 19/03/2024 21h05

O hábito de encher o tanque até quase transbordar ou rodar constantemente na reserva não faz bem à saúde do carro e, ainda por cima, eleva o consumo de combustível.

"Abastecer em excesso o veículo danifica o cânister, que é filtro com carvão ativado responsável por reter os gases provenientes da evaporação do combustível. Esse filtro, geralmente localizado próximo ao tanque, é encharcado, perdendo toda sua eficiência", alerta Everton Lopes, mentor em tecnologia de energia a combustão da SAE Brasil.

De acordo com o engenheiro, os vapores que emanam do tanque são altamente tóxicos e poluentes - daí a importância de manter o cânister em bom estado.

A orientação do especialista é parar o abastecimento assim que gatilho for desarmado - o que proporciona nível adequado e seguro.

Tanque cheio, bolso vazio

Mesmo sem encher até a boca, rodar com o tanque na capacidade máxima reduz a eficiência do veículo.

A explicação é simples: quanto mais peso houver a bordo, maior será a quantidade de combustível necessária para percorrer determinada distância.

"A cada 100 kg, o consumo sobe 6%", informa Lopes.

Parece algo inexpressivo, mas é bom não esquecer que esse desperdício vai se acumulando com o passar do tempo. E o prejuízo também.

Portanto, se você dá valor ao seu dinheiro suado, não vale a pena encher o tanque no circuito urbano - prefira fazê-lo somente em caso de necessidade, como em uma viagem mais longa. E sem pedir "chorinho" ao frentista.

Não é só pane seca

Carro empurrado pane seca - Getty Images - Getty Images
Ficar totalmente sem combustível é apenas um dos riscos de dirigir com tanque na reserva
Imagem: Getty Images

Outro extremo não recomendado por Everton Lopes é deixar o tanque constantemente na reserva - o manual do proprietário de qualquer automóvel também condena a prática.

Além do risco de pane seca, que pode causar danos mecânicos e, inclusive, rende multa de trânsito, o consumo também sobe nessa situação.

"O tanque quase vazio significa mais espaço para vaporização do combustível. A taxa de perda por evaporação, portanto, sobe".

A influência no consumo dificilmente será perceptível no momento, mas cobrará seu preço a médio e longo prazo.

Conforme mencionado acima, o vapor proveniente do tanque traz sérios riscos à saúde.

Tanto que, a partir deste ano, começa a implementação gradual da válvula ORVR em todos os veículos flex e a gasolina vendidos no País. O equipamento bloqueia o retorno desses gases durante o abastecimento e os aproveita na combustão do motor.

Bomba queimada

Não bastassem o desperdício e a questão ambiental, abusar da reserva pode pesar muito mais no bolso.

"Mesmo filtrado, o combustível fornecido pelo posto traz partículas que vão parar no tanque do veículo e depois ficam depositadas no fundo do reservatório. Com nível muito baixo, essas partículas acabam no filtro de combustível", explica Lopes.

A sujeira acaba entupindo o filtro, causando perda no desempenho e forçando a bomba de combustível, que encontra maior resistência para enviar o líquido ao motor.

"Essa situação crítica sobrecarrega a bomba e causa sua queima. Mesmo se não houver entupimento do filtro, ela é projetada para estar submersa no combustível, integrada ao corpo da boia. Caso fique exposta, acaba superaquecendo e a chance de queima é elevada".

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