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COI acusa a Rússia de 'politizar o esporte' com seus Jogos da Amizade

19/03/2024 08h07

O Comitê Olímpico Internacional (COI) acusou, nesta terça-feira (19), a Rússia de "politizar o esporte" ao promover os seus "Jogos da Amizade" a partir de setembro, um novo evento esportivo que competirá com os Jogos Olímpicos, e que também terá uma edição de inverno.

O COI, que autorizará a participação de atletas russos nos próximos Jogos de Paris 2024 sob bandeira neutra e com a condição de não terem apoiado a invasão russa da Ucrânia, pede ao mundo esportivo e aos governos convidados por Moscou que "rejeitem qualquer participação e apoio" a este novo evento, indicou em comunicado.

Anunciados há alguns meses, os primeiros "Jogos da Amizade" (de verão) deveriam "a priori ser realizados em Moscou e Ekaterimburgo" em setembro, lembrou a organização com sede em Lausanne, enquanto a edição de inverno aconteceria pela primeira vez em Sochi, em 2026. 

As iniciativas juntam-se aos "Jogos do Futuro", organizados em Kazan de 21 de fevereiro a 3 de março e que devem misturar disciplinas tradicionais com e-Sports, e aos "Jogos dos Brics" programados na mesma cidade russa de 12 a 23 de junho, no qual participariam "atletas de 50 países", segundo as autoridades de Moscou. 

O COI não acusa a Rússia por criar competições multiesportivas fora do âmbito olímpico (que já existem, como os Jogos da Commonwealth ou os Jogos da Francofonia), mas de fazê-lo por meio de uma "intensa ofensiva diplomática", com contatos diretos com "os governos de todo o mundo".

O ministro ucraniano da Juventude e Esportes, Matvii Bidnyi, aplaudiu a "posição justa" do COI, embora o tenha instado a ir mais longe: "Pedimos que os atletas russos e bielorrussos sejam excluídos de todas as competições internacionais, incluindo os Jogos, independentemente do seu status", declarou em comunicado.

"Para tornar ainda mais evidente a sua motivação puramente política, estes últimos evitam deliberadamente as organizações esportivas dos seus países-alvo", denuncia o COI, que vê uma "tentativa cínica" de explorar os atletas "para fins de propaganda política", violando a Carta Olímpica. 

Por outro lado, o COI acusa Moscou de "uma total falta de respeito pelas regulamentações antidoping globais e pela integridade das competições", lembrando as preocupações levantadas pela Agência Mundial Antidoping (Wada) sobre os "Jogos da Amizade", motivadas pelo sistema de doping institucionalizado implementado pela Rússia durante os Jogos de Inverno de Sochi-2014. 

O COI lembrou que "a confiança global no sistema antidoping russo é fraca" porque a Agência Antidoping Russa não está sujeita ao Código Mundial Antidoping e porque "atualmente não existe nenhum laboratório credenciado pela Wada na Rússia".

Nesta terça-feira, a comissão executiva do COI, que está reunida em Lausanne, anunciou sua decisão de impedir que os atletas russos e bielorrussos autorizados a participar dos Jogos de Paris sob bandeira neutra desfilem com as demais delegações na cerimônia de abertura do evento, no dia 26 de julho, no rio Sena.

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© Agence France-Presse

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