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Organizações humanitárias temem aumento das mortes no Mediterrâneo

03/08/2022 10h28

Três organizações humanitárias que resgatam migrantes no Mediterrâneo solicitaram a retomada das operações de busca e resgate para a União Europeia (UE) nesta quarta-feira (03). Eles temem o aumento das mortes de migrantes que tentam entrar no continente pelo mar.

O SOS Mediterrâneo, Médicos sem Fronteiras (MSF) e Sea-Watch resgataram nos últimos dias mais de mil pessoas à deriva em barcos superlotados, que navegavam do norte da África até a costa da Itália.

Em um comunicado conjunto, as organizações exigiram que "os Estados-Membros da Europa e seus sócios" disponibilizem uma frota adequada para a busca e resgate de pessoas no Mediterrâneo central. Espera-se uma resposta rápida e adequada para todos os pedidos de socorro, assim como um mecanismo de desembarque para os sobreviventes.  

Desde então o resgate dos migrantes está sob responsabilidade de cada país, mas as ONGs se queixam das autoridades locais. Segundo eles, vários países ignoram os pedidos de socorro e trabalham com as autoridades líbias para devolver os migrantes ao país.

O Mediterrâneo central é a rota migratória mais perigosa do mundo, uma espécie de enorme cemitério. Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), 20 mil pessoas morreram ou desapareceram no local.

A embarcação Geo Barents de MSF transporta atualmente 659 pessoas, entre eles mais de 150 menores que ainda não possuem um porto para desembarcar.

O Ocean Viking, a mando do SOS Mediterrâneo, desembarcou 387 pessoas no pequeno porto turístico de Salerno durante o domingo (31). Enquanto isso, após três dias de espera, o navio Sea-Watch 3 desembarcou 438 pessoas no sábado (30) em Tarent, no sul da Itália.

A Itália registrou até agora mais de 42 mil chegadas de migrantes, em comparação aos quase 30 mil durante o mesmo período no ano passado.

Os partidos de extrema direita, favoritos nas eleições de 25 de setembro, prometeram frear a migração durente a abertura da campanha eleitoral.

O líder de extrema-direita Matteo Salvini, do partido Liga, focado na luta contra a migração, tem uma viagem prevista para a pequena ilha de Lampedusa nessa quinta-feira (04), ponto de desembarque da maioria dos barcos de imigrantes.

As ONGs foram apontadas como um "fator de atração" por proporcionarem uma rede de socorro no Mediterrâneo, o que negam completamente. 

"A remoção dos serviços adequados de busca e resgate europeus, com competência em águas internacionais, provou ser ineficaz na prevenção de mortes e travessias perigosas", explicou Xavier Lauth, diretor de operações do SOS Mediterrâneo.

bur-kv/zm/ms

© Agence France-Presse

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