Migração e acesso a tratamentos são desafios da América Latina contra a Aids
Cidade do México, 20 jul (EFE).- Os grandes fluxos migratórios, o acesso a tratamentos inovadores e o conservadorismo de parte da sociedade são os principais desafios da América Latina na luta contra o vírus HIV.
A avaliação é de Anton Pozniak, diretor científico da Conferência da Sociedade Internacional de Aids (IAS) sobre a Ciência do HIV.
"Existe progresso quanto o apoio da sociedade que sofre desta doença, mas ainda existem barreiras sociais, financeiras e políticas que precisamos vencer", disse Pozniak em entrevista à Agência Efe.
Na visita à Cidade do México para participar da conferência que começa amanhã e termina na próxima quarta-feira, o especialista afirmou que a América Latina pode ser um exemplo para outras regiões do mundo, já que possui uma população muito diversa e cada país trabalhou para criar soluções próprias para diminuir o número de infectados pelo vírus.
No entanto, Pozniak destacou que ainda existem problemas a serem resolvidos, como a migração maciça dentro da região, o que dificulta que os governos locais tenham dificuldades para controlar a doença.
Outro desafio é o conservadorismo de parte da sociedade, e a presença de líderes que promovem ideologias que ampliam a discriminação.
"Há governos que ainda são conservadores demais, e é aí onde devemos atuar muito forte nas frentes financeira, política e científica", argumentou.
Apesar dos avanços nos tratamentos mais modernos, Pozniak afirmou que o mundo ainda está muito longe de atingir as metas do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (Unaids): 90% de pessoas diagnosticadas, 90% de doentes em tratamento, sendo 90% com carga viral indetectável.
"Alguns países não atingirão isso em 2020", indicou.
Algumas cidades, porém, estão em dia com as metas do Unaids. São os casos de San Francisco, Londres e Berlim, que, segundo Pozniak, estabeleceram sistemas de saúde eficazes e fornecem bom financiamento para garantir que os portadores do HIV tenham acesso a tratamento.
A reunião na Cidade do México terá como objetivo mostrar os progressos que a região teve no combate à Aids. No país anfitrião do evento, Pozniak destacou que houve avanço em questão de direitos humanos em grupos considerados como chaves para a redução na sociedade mexicana.
"Isso é um exemplo para a região da América Latina", afirmou.
Segundo o especialista, o México conseguiu avançar em questões como a profilaxia pré-exposição (PrEP), mas ainda precisa evoluir no fornecimento de diagnósticos e de autotestes.
Outra discussão será sobre as novas opções de tratamento, que incluem um implante que espalha o remédio contra o HIV pelo corpo.
O evento reunirá 6 mil cientistas, pesquisadores e representantes dos países da região. Os participantes também debaterão possíveis soluções para atingir as metas 90-90-90 propostas pelo Unaids em nível global. EFE
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