Crescimento lento da Alemanha vira dor de cabeça para o novo governo
Berlim, 27 Out 2021 (AFP) - As perturbações nas cadeias de abastecimento ao redor do mundo obrigaram a Alemanha a reduzir as projeções de crescimento, no momento em que um novo governo se prepara para assumir o comando do país.
O governo, que no primeiro semestre projetava um aumento de 3,5% do PIB, reduziu a previsão para 2,6% porque "muitos bens e mercadorias não podem ser entregues, pela escassez de matérias-primas", afirmou o ministro da Economia, Peter Altmaier.
Berlim, no entanto, espera uma forte recuperação do crescimento em 2022, "a mais de 4%", segundo o ministro.
O país prevê ainda uma inflação de 3% em 2021, a maior desde 1993, mas nos anos seguintes o índice deve registrar queda (a 2,2% em 2022 e a 1,7% em 2023).
A escassez de componentes teve um forte impacto na economia alemã, com linhas de produção paralisadas no crucial setor automotivo.
A pergunta sobre como retomar a economia vai dominar as negociações para a formação do próximo governo alemão.
No acordo inicial, o Partido Social-Democrata, o Partido Verde e o Partido Democrático Liberal (FDP) se comprometeram a fazer fortes investimentos e adotar menos regulamentações para preparar a Alemanha para um futuro mais verde e mais digital.
Também prometeram não elevar impostos e manter a rígida regra fiscal, que limita o déficit ao máximo de 0,35% do PIB em períodos normais, uma exigência do FDP.
A nova projeção de crescimento coincide com uma série de notícias negativas para o país.
O indicador de clima empresarial do instituto alemão Ifo caiu em outubro pelo quarto mês consecutivo.
"Os problemas de abastecimento estão provocando dores de cabeça às empresas", disse o presidente do Ifo, Clemens Fuest.
Com os problemas de abastecimento, os custos aumentaram nos últimos meses: os preços da indústria subiram 14,2% na comparação em ritmo anual de setembro, uma alta que não era registrada desde a década de 1970.
Outros indicadores também deram sinais ruins: as exportações da Alemanha caíram em agosto, pela primeira vez desde abril de 2020, quase no início da pandemia.
A produção industrial recuou 4% em agosto, enquanto os novos pedidos retrocederam 7,7% no mesmo mês.
Pressionados pelos gargalos no fornecimento de componentes, matérias-primas e transporte, "outras projeções da economia serão revisadas em baixa", afirmou Ulrich Kater, economista chefe do Deka Bank.
Há algumas semanas, os principais institutos econômicos do país (DIW, Ifo, IfW, IWH e RWI) reduziram as projeções de crescimento econômico para este ano a 2,4%, após uma previsão inicial de 3,7%.
As mesmas instituições destacaram que os efeitos da pandemia e os problemas serão "superados gradualmente" em 2022, o que provocou um aumento da previsão do crescimento para o próximo ano a 4,8% (3,9% na estimativa anterior)
"Agora é ainda mais importante que o novo governo reduza obstáculos e enfatize a inovação para evitar a desaceleração da recuperação econômica", disse o ministro Altmaier.
smk/jpl/ngu/zm/me/mas-jvb/me/zm/fp
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