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Armênia pode reconhecer independência de área separatista

30/09/2020 11h44

MOSCOU, 30 SET (ANSA) - O governo da Armênia se disse "pronto" para reconhecer a independência da região autônoma de Nagorno-Karabakh, em um movimento que mostra que o conflito com o Azerbaijão está longe de ter um fim.   

"Essa opção está na ordem do dia. Há ainda a possibilidade de firmar um tratado de cooperação estratégica entre a Armênia e o Karabakh, há a possibilidade de firmar um acordo de cooperação na esfera da segurança e da defesa", disse o premier armênio, Nikol Pashinyan, em uma coletiva de imprensa com jornalistas russos em Erevan nesta quarta-feira (30).   

Além disso, o chefe do governo negou que esteja disposto a conversar com o Azerbaijão para parar os confrontos. "Não é apropriado falar de um encontro Armênia-Azerbaijão-Rússia enquanto ainda há conflitos, em um período de ações militares intensas. Para negociar, precisamos de uma atmosfera e de condições idôneas", pontuou.   

Rapidamente, Pashinyan fez um meio-termo e disse que a Armênia está sempre pronta para uma solução pacífica, mas que "isso não significa que o país ou Karabakh estejam prontos para uma solução do conflito que lese os seus interesses nacionais ou a sua segurança".   

Por sua vez, Baku afirmou que se "a Armênia abandonar a sua política de ocupação" em Nagorno-Karabakh, que geograficamente fica em território azeri, o conflito será encerrado imediatamente.   

"A Armênia deve abandonar a sua política de ocupação, mas, ao invés disso, o primeiro-ministro armênio nos deu sete pedidos a serem satisfeitos. Recentemente, lhe disse que nós rejeitamos isso. Nós temos só um pedido: as forças armadas armênias devem deixar as nossas terras sem condições, de maneira plena e imediata", afirmou o presidente do país, Ilham Aliyev.   

O mandatário participou de um encontro com soldados feridos nos conflitos, iniciados na madrugada de domingo (27), e ressaltou que essa saída "permanece na mesa e, se o governo armênio a satisfazer, os combates cessarão, não se derramará mais sangue e a paz será restabelecida".   

Não é possível confirmar de maneira independente, mas cerca de 100 pessoas entre militares e civis já perderam a vida nos conflitos dos últimos quatro dias. Também não se sabe qual foi o estopim para essa nova fase de ataques porque ambos os lados se acusam mutuamente de ter iniciado os ataques.   

Com o fim da União Soviética, já em 1988, a região de Nagorno-Karabakh quis sua independência do Azerbaijão e sua anexação à Armênia, pois a maioria de sua população tem origem no país. No entanto, como a decisão não foi atendida, começou uma guerra que seguiu até o início da década de 1990, deixando cerca de 25 mil mortos.   

As negociações de paz estão paralisadas desde então, em uma tensão que explodiu há quatro dias.   

- Turquia: O governo azeri conta com o apoio público da Turquia, que tem uma rivalidade com os armênios há mais de 100 anos. E, nesta quarta-feira, o conselheiro de Política Exterior da Presidência de Baku, Hikmet Hajiev, saiu em defesa de Ancara, que foi acusada pelos armênios de ter derrubado um avião militar.   

"As afirmações da Armênia sobre o envolvimento de uma terceira parte no conflito são um absurdo completo que não tem nenhum fundamento. Isso não é nada mais do que uma tentativa de Erevan de distorcer a atenção sobre a sua política agressiva", afirmou Hajiev.   

Segundo o conselheiro, o Azerbaijão tem a informação que dois aviões militares SU-25 decolaram do território armênio e "ambos explodiram depois de colidirem com uma montanha".   

- ONU e UE voltam a fazer apelos: O Conselho de Segurança das Nações Unidas se reuniu de maneira excepcional nesta terça-feira (29) e emitiu uma nota apoiando o apelo do secretário-geral da ONU, António Guterres, para uma "paralisação imediata dos combates, uma redução das tensões e para a volta às negociações sem atrasos".   

O documento foi firmado por unanimidade pelos 15 países-membros do CS.   

Quem também se manifestou foi a Corte Europeia para os Direitos Humanos, que manteve o discurso europeu para um cessar-fogo imediato, mas alertou os dois países a pararem com todas as ações bélicas porque elas podem "causar uma violação dos direitos das populações civis garantidas pela Convenção Europeia dos Direitos Humanos". (ANSA).   

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