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Itália e Espanham pressionam UE por fundo de recuperação

08/07/2020 13h44

MADRI, 08 JUL (ANSA) - Os primeiros-ministros da Espanha, Pedro Sánchez, e da Itália, Giuseppe Conte, se reuniram nesta quarta-feira (8) em Madri e cobraram a aprovação rápida do "fundo de recuperação" pelos Estados-membros da União Europeia.   

Os dois líderes estão entre os principais defensores da proposta da Comissão Europeia, poder Executivo da UE, que prevê a criação de um fundo de 750 bilhões de euros para socorrer países em crise devido à pandemia do novo coronavírus.   

O plano, no entanto, encontra forte resistência no leste e no norte da Europa, especialmente em Estados-membros conservadores do ponto de vista fiscal.   

"Essa emergência sanitária se traduz em emergência econômica e social. A resposta de deve ser nacional, mas também europeia.   

Não pode haver outro momento para o acordo que não seja julho", disse Sánchez, ao lado de Conte, na sede do governo espanhol.   

Já o primeiro-ministro da Itália ressaltou que a pandemia "uniu ainda mais" os dois países e "reforçou sua convicção de que é preciso trabalhar em sintonia". Antes da reunião, em entrevista ao jornal catalão La Vanguardia, Conte havia cobrado diretamente os Países Baixos, cujo premiê, Mark Rutte, se opõe ao plano da Comissão Europeia.   

"Lembrei a Rutte que a Holanda deve contribuir para uma solução europeia rápida. Está em jogo o mercado único, do qual a Holanda tira importantes benefícios", afirmou. Uma primeira reunião dos líderes dos Estados-membros, em 19 de junho, terminou sem acordo, e um segundo encontro está previsto para julho.   

A proposta - O chamado "fundo de recuperação" prevê que os 750 bilhões de euros sejam financiados por meio do aumento temporário do teto do orçamento comunitário e da emissão de títulos de dívida por Bruxelas, algo inédito na história da UE.   

Esses papéis seriam reembolsados aos investidores entre 2028 e 2058, com recursos do orçamento comunitário no período pós-2027.   

Para garantir que terá dinheiro para honrar os débitos, a Comissão Europeia propôs a criação de impostos sobre as emissões de poluentes, multinacionais, produção de plástico ou grandes conglomerados de internet.   

Se aprovado, esse também seria outro passo inédito na história da UE: até agora, não existe nenhum imposto de âmbito europeu, e a criação de taxas comunitárias faria avançar o projeto de integração no bloco, especialmente no campo fiscal.   

Ao emitir dívida, a UE conseguiria dinheiro no mercado a juros mais baixos do que se alguns países o fizessem de forma individual, como Itália, Grécia, Espanha e Portugal, já altamente endividados e com economias mais instáveis.   

Segundo a Comissão Europeia, os recursos seriam repassados aos Estados-membros de duas formas: como simples contribuições sem necessidade de restituição (500 bilhões de euros) e como empréstimos (250 bilhões de euros).   

Críticas - A proposta, no entanto, ainda encontra resistência em países do norte e do leste da UE, que defendem que os recursos sejam distribuídos entre os Estados-membros apenas por meio de empréstimos a serem restituídos.   

Afetada duramente pela pandemia de coronavírus e dona da segunda maior dívida pública do bloco, a Itália teria a cota mais alta do fundo: 172,7 bilhões de euros, sendo 81,8 bilhões como repasse e 90,9 bilhões como empréstimo.   

Em seguida, aparecem Espanha, com 140,4 bilhões (77,3 bilhões em ajuda e 63,1 bilhões em empréstimo), e Polônia, com 63,8 bilhões (37,7 bilhões em ajuda e 26,1 bilhões em empréstimo). França e Alemanha, principais patrocinadoras da proposta da Comissão Europeia, receberiam, respectivamente, 38,7 bilhões e 28,8 bilhões de euros, mas apenas em repasses a fundo perdido. (ANSA)
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