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Putin acusa EUA de tentarem conter desenvolvimento de Rússia e China

20/06/2019 16h14

Moscou, 20 jun (EFE).- O presidente da Rússia, Vladimir Putin, acusou nesta quinta-feira os Estados Unidos de tentarem conter com medidas restritivas o desenvolvimento de Rússia e China, mas ao mesmo tempo abriu a porta para um diálogo com o governo americano visando melhorar as relações bilaterais.

"No que diz respeito às sanções, na minha opinião, trata-se de um grande erro dos EUA. Espero que algum dia (o governo americano) se dê conta disso e o corrija", disse Putin em um programa de televisão anual chamado Linha Direta, no qual responde a perguntas de cidadãos russos.

Putin fez um paralelo entre as sanções contra a Rússia por causa da anexação da península ucraniana da Crimeia em 2014 e a guerra comercial entre Washington e Pequim, que incluiu o veto do governo ameericano à empresa de tecnologia chinesa Huawei.

"Para que se faz isso? Para conter o desenvolvimento da China, que se transformou em um competidor de outra potência global, os Estados Unidos. E o mesmo acontece em relação à Rússia, e vai continuar", disse.

Além disso, Putin descartou que as medidas restritivas ajudem EUA e também União Europeia a conseguir seu objetivo de uma mudança de postura da Rússia.

"Se agora de repente nos rendêssemos e deixássemos de lado nossos interesses nacionais, talvez só haveria mudanças superficiais, mas não seriam mudanças radicais", afirmou Putin durante o programa, transmitido ao vivo por várias redes de televisão russas durante pouco mais de quatro horas.

Putin explicou que em consequência das restrições e limitações que estas sanções representam, a Rússia deixou de receber ao redor de US$ 50 bilhões de 2014 até a presente data, mas ao mesmo tempo as contramedidas impostas por Moscou fizeram a UE perder US$ 240 bilhões, e os EUA, US$ 17 bilhões.

O presidente russo também criticou Washington por declarações sobre o possível uso da força contra o Irã após o aumento das tensões entre ambos os países por causa do ataque a dois petroleiros no estreito de Ormuz.

"Não gostaríamos (que houvesse uma guerra), embora os EUA não descartem o uso da força militar. Isso seria uma catástrofe para toda a região", declarou Putin, advertindo que as consequências de um conflito bélico entre Washington e Teerã são "muito difíceis de calcular".

Contudo, Putin reiterou a disposição de dialogar com o presidente dos EUA, Donald Trump, para tentar dirimir as tensas relações entre ambos os países.

Trump anunciou uma reunião com o líde russo paralela à Cúpula do Grupo dos Vinte (G20) na semana que vem em Osaka (Japão), embora o Kremlin não tenha ainda confirmado o encontro.

O presidente russo afirmou que o diálogo com os EUA é "sempre bom" e que a Rússia tem vários assuntos que tratar com os americanos, entre eles a segurança global e o desarmamento.

Apesar disso, Putin admitiu que "nem tudo será fácil", já que Trump estará condicionado pela campanha eleitoral para as eleições presidenciais de 2020, a qual começou formalmente na terça-feira para o presidente americano.

Putin afirmou, além disso, que a Rússia não busca o status de superpotência, "porque envolve alguns elementos, como a imposição da influência sobre outros países, e disse que, se bem que a Rússia seja "a única grande potência militar" que reduz as despesas em defesa, o país se mantém "dois ou três passos à frente de seus competidores" graças às suas armas hipersônicas.

No plano nacional, que foi tema central de grande parte da 17ª conversa de Putin com os cidadãos desde sua chegada ao poder em 2000, o presidente russo, com porcentagem de popularidade em contínua queda desde a aprovação da impopular reforma da previdência, admitiu a deterioração das condições de vida da população nos últimos anos devido a "golpes" externos como a queda dos preços do petróleo e do gás.

Segundo Putin admitiu, o salário mínimo chega a 11.280 rublos por mês (US$ 176,40), mas ele afirmou que as tendências negativas na economia já começaram a se reverter, citando como exemplo o aumento dos salários em 8% no ano passado e em 2,8% até agora em 2019. EFE

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