PF apura denúncias de agressões a deportados dos EUA e colhe depoimentos

A Polícia Federal apura, no Amazonas, as denúncias de supostas agressões sofridas por brasileiros deportados dos EUA. A informação foi revelada pelo Fantástico, da TV Globo, neste domingo (26), e confirmada pelo UOL.
O que aconteceu
PF já colheu depoimentos de brasileiros, segundo apurou o UOL. Não há um inquérito instaurado.
Outras diligências, como análises de vídeos de câmeras de segurança, estão sendo realizadas. Segundo fontes da PF, um inquérito poderá ser aberto se for constatado algum suposto crime.
A investigação será encaminhada para o departamento dos EUA responsável pela imigração. O procedimento também será compartilhado com órgãos internacionais de cooperação, em busca de mais elementos para a apuração.
As agressões no voo
As agressões teriam acontecido no voo que desembarcou em Manaus, na noite de sexta-feira (24). "Nós que nos rebelamos contra eles, porque eles iriam nos matar. O avião parou três vezes, lá em Luisiana, no Panamá e Manaus. Nós que paramos o avião, senão ia cair tudo", afirmou Carlos Vinícius Jesus, 29.
Vitor Gustavo da Silva, 21, afirmou que eles foram agredidos por causa do calor. O ar-condicionado da aeronave apresentou um problema técnico. "Eles bateram na gente porque a gente estava com calor e a gente não queria ficar preso no avião mais".
O voo foi interrompido em Manaus, na noite de sexta-feira (24), após a falha no ar-condicionado. No sábado, os deportados decolaram em uma aeronave da FAB em direção a Confins.
Deportados mostraram fotos apresentadas para reforçar a denúncia de agressão física. As imagens recebidas pelo UOL mostram lesões nas mãos, braços, peito e costas.
A deportação desses brasileiros já estava prevista desde o governo Joe Biden, informou o Itamaraty ao UOL. Segundo a pasta, isso é fruto de um acordo que começou em 2018, durante o primeiro governo Trump, e se estendeu nos anos seguintes com uma série de deportações.
Problema técnico e algemas
Os deportados dos EUA, entre eles 88 brasileiros, que dormiram de forma improvisada em Manaus pousaram em Confins no sábado. Eles são as primeiras pessoas deportadas para o país após a posse do presidente americano Donald Trump.
Eles chegaram na capital amazonense algemados e com os pés acorrentados após o ar-condicionado do avião falhar. O grupo aparece em um vídeo na pista de pouso deixando a aeronave com as algemas. Eles andam com dificuldade com os pés acorrentados. Em outro momento da gravação, os deportados estão em uma sala de espera deitados em colchões e comendo.
No sábado, o governo Lula falou em "desrespeito aos direitos fundamentais". Policiais federais determinaram a remoção imediata das algemas e recepcionaram as pessoas deportadas. O presidente, então, determinou envio de um avião da FAB para levar os brasileiros até Confins.
O Itamaraty irá se queixar ao governo Trump pelo tratamento dado aos imigrantes brasileiros em um voo de deportação. A decisão foi tomada depois que o chanceler Mauro Vieira desembarcou em Manaus e conversou com autoridades militares brasileiras para entender os detalhes do que havia ocorrido.
A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, definiu como "muito graves" as denúncias dos brasileiros. Ela ressaltou que a aeronave transportava famílias e crianças com autismo.