'Adoro açaí': como vive cearense que quer posto de 'a mais velha do mundo'

Leonizia Pereira da Silva, a dona Ló, usa só um "remedinho" para controlar a pressão alta. Está lúcida e não tem doença grave.
No dia 3 de janeiro, comemorou seus 117 anos ao lado dos 4 filhos —ela teve 9, mas 5 já morreram—, 12 netos, 16 bisnetos e 6 tataranetos.
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Dona Ló mora no interior do Ceará, no município de Morada Nova, de 61 mil habitantes, mas nasceu em Tianguá, a 330 quilômetros da capital Fortaleza.
Vaidosa, a idosa mostra o RG com a data de nascimento: 19 de janeiro de 1908. Mas avisa logo que 19 é só no registro. "Ela nasceu mesmo no dia 3", corrige a neta, Talane Sousa.
A família reivindica para dona Ló o posto de "a mulher mais velha do mundo" —atualmente, quem ocupa o "cargo" é a freira brasileira Inah Canabarro Lucas, de 116 anos.
Inah, que vive em Porto Alegre, se tornou a mulher mais velha do mundo após a morte da japonesa Tomiko Itooka, que também tinha 116 anos.
Investigação para receber o 'certificado'
Ser reconhecida como a mulher mais velha do mundo, ao contrário do que parece, não é tão simples. É que não basta só mostrar o RG —é preciso passar por uma verdadeira investigação.
A "saga" começa pelo contato com a organização LongeviQuest, referência no mundo no mapeamento de centenários. Eles investigam os casos e analisam as documentações.
No caso de dona Ló, o contato com a organização já foi feito pelos parentes e uma documentação parcial foi encaminhada e segue em análise.
É preciso mostrar documentos que comprovem a idade em três etapas da vida: um documento de início de vida, como o de batismo e/ou nascimento civil, um documento de meio de vida, como o de casamento, e um documento de fim de vida, como um RG.
Depois de verificado, o "feito" é enviado para o Guinness World Records.
Se dona Ló conseguir provar, ela vai se juntar a outro cearense no topo da lista: João Marinho Neto, de 112 anos, foi confirmado como o homem mais velho do mundo pelo Guinness World Records. Seu João assumiu o posto após a morte do britânico John Tinniswood, também aos 112 anos.
"Queremos o título para o Ceará. Com este feito, teremos o homem e a mulher mais velhos do mundo", comemora Kate Andrade, amiga da família.
'Corrida' dos centenários
Dona Ló ainda poderá enfrentar "concorrentes" ao posto: a quilômetros de distância, no Rio, uma outra centenária também quer o mesmo reconhecimento —e com alguns aninhos de vantagem.
Segundo mostrou uma reportagem da agência de notícias Reuters, Deolira Glicéria Pedro da Silva diz ter 119 anos —seus documentos mostram que ela nasceu em 10 de março de 1905 na área rural de Porciúncula, uma pequena cidade no interior fluminense.
A família de Deolira também tenta contato com o Guinness para registrar o recorde.
'Adoro açaí'
Enquanto o reconhecimento não vem, a cearense vive a vida com calma.
Bem-humorada, dona Ló diz que o segredo da longevidade é comer bastante açaí. "Adoro açaí, me sinto ativa e indico o mesmo para todo mundo."
Longe da agitação e cercada por familiares no interior do estado, ela mora em uma casa típica do sertão cearense, onde o que se planta dá.
E lembra com nostalgia de uma época em que tinha uma alimentação mais saudável e sem agrotóxicos.
Me lembro de ajudar meus pais no campo, nosso alimento era retirado da terra limpa e sem veneno. Saudades de andar com meus irmãos a cavalo. Tudo era mais fácil.
Leonizia Pereira da Silva