Soldados suicidas tornam combate mais brutal na Rússia: 'Lavagem cerebral'

Soldados norte-coreanos conhecidos como suicidas, que atuam sobretudo na região russa de Kursk, tornaram a guerra contra a Ucrânia pior, segundo combatentes.
O que aconteceu
Ucranianos dizem que as tropas da Coreia do Norte são "força disciplinada, dedicada e destemida". "Eles estão pressionando nossas frentes em massa, encontrando pontos fracos e rompendo-os", contou o sargento Oleksii, que não quis dar o nome completo, ao jornal The New York Times.
A situação piorou significativamente quando os norte-coreanos começaram a chegar. Oleksii, sargento do pelotão ucraniano
São de 10 a 12 mil soldados norte-coreanos. Militares se concentram desde outubro na região de Kursk, conquistada após uma ofensiva ucraniana. As autoridades de Seul estimaram que 300 soldados morreram e 2.700 ficaram feridos nos combates. Kiev havia estimado anteriormente o número de mortos e feridos em 3.800.
Apoio seria em troca de tecnologia nuclear e de armas. Além do envio dos soldados, a Coreia do Norte destina munições e mísseis para a Rússia.
Militar capturado falou em grandes baixas de norte-coreanos. Vídeo divulgado pelo presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, nesta segunda-feira (20) mostra o interrogatório. O soldado diz que começou o serviço militar aos 17 anos como recruta e serviu em um batalhão de reconhecimento. Na sequência, conta que chegou à Rússia com cem combatentes norte-coreanos no que acredita ser uma balsa civil e fez parte da viagem de trem.
Por que soldados são suicidas?
Militares seriam orientados a cometer suicídio caso sejam capturados. A informação é do jornal Washington Post. Na semana passada, um soldado norte-coreano detonou uma granada, explodindo a si mesmo, quando foi pego por tropas ucranianas.
Ex-soldado cita "lavagem cerebral". "Autodetonação e suicídios: essa é a realidade da Coreia do Norte", disse Kim, um norte-coreano de 32 anos que desertou para a Coreia do Sul em 2022, à agência Reuters. Ele pediu para ser identificado apenas por seu sobrenome devido ao medo de represálias contra sua família, que ficou no Norte.
Esses soldados que saíram de casa para lutar lá sofreram uma lavagem cerebral e estão realmente prontos para se sacrificar por Kim Jong Um [líder norte-coreano]. Kim, ex-soldado norte-coreano à agência Reuters
Documentos encontrados com soldados confirmam orientações de autodestruição e suicídio. Essa seria uma forma não apenas de demonstrar lealdade ao regime de Kim Jong Un, mas de proteger suas famílias na Coreia do Norte.
Recentemente, foi confirmado que um soldado norte-coreano corria o risco de ser capturado pelo Exército ucraniano, então ele gritou pelo general Kim Jong Un e puxou uma granada para tentar se explodir, mas foi morto. Lee Seong-kweun, integrante do comitê de inteligência do Parlamento sul-coreano à agência Reuters
Ser prisioneiro de guerra é uma traição. Ser capturado e levado de volta a Pyongyang é visto como um destino pior do que a morte, disse o ex-soldado Kim. "Tornar-se um prisioneiro de guerra significa traição. Ser capturado significa que você é um traidor. Guardar uma última bala, é disso que estamos falando nas Forças Armadas", disse.
Treinamento para futuras guerras
Envio também pode ser uma estratégia de treinamento militar. Ida dos norte-coreanos à Rússia é o primeiro grande envolvimento do país desde a Guerra da Coreia, de 1950 a 1953. Os EUA alertaram que a experiência na Rússia tornará a Coreia do Norte "mais capaz de travar uma guerra contra seus vizinhos".
Exército não estaria preparado para a guerra moderna. Mesmo com Kim Jung Um dizendo que tropas da Coreia do Norte são "as mais fortes do mundo", um parlamentar sul-coreano informado pela agência de espionagem disse que o número de soldados norte-coreanos feridos e mortos no campo de batalha sugere que eles não estão preparados para a guerra moderna —como ataques de drones.
*Com informações da AFP e da Reuters.