Ao fazer gesto lido como saudação nazista durante comício de apoio a Donald Trump, o milionário Elon Musk mandou um recado claro e forte para todos aqueles que pregam a discriminação e o ódio, afirmou o colunista Leonardo Sakamoto no UOL News desta terça (21).
Musk reagiu de forma irônica após a repercussão negativa do seu gesto. "Francamente, ataques do tipo 'todo mundo é Hitler' estão tão desgastados", escreveu o empresário em seu perfil oficial no X (antigo Twitter).
Elon Musk não é hipossuficiente, mas uma das pessoas mais inteligentes dos Estados Unidos. Por isso, chega a ser ofensivo que ele se negue a encarar que o gesto que fez, durante as festividades de posse de Donald Trump, é identificado com uma saudação nazista. E sendo esperto, saberia de antemão qual seria a repercussão — tanto a celebração por parte de supremacistas brancos quanto o repúdio que partiu de judeus e do campo democrático em todo o mundo.
Gestos como esse acabam servindo como um "apito de cachorro", sinais compreendidos apenas por um grupo. No caso, a extrema direita neonazista e violenta que apoiou a eleição de Donald Trump. No Brasil, temos um caso semelhante que foi a condenação, no final do ano passado, do ex-assessor de Jair Bolsonaro, Filipe Martins, por ter feito um gesto ligado a supremacistas brancos e, portanto, considerado racista durante um evento no Senado Federal em 2021.
'Ah, mas o gesto remonta à Roma'. Sim, mas foi usado pela Alemanha nazista e abraçado pelos neonazistas. Da mesma forma, a suástica não nasceu com Hitler, mas surgiu na Índia há mais de 5 mil anos, com outro significado. Sim, importa como os símbolos são ressignificados.
Musk repudiou a associação do gesto com algo ruim. Mas ele se esquece que o contexto importa. Ele vem sendo criticado pelo apoio que está dando ao partido de extrema direita Alternativa à Alemanha, acusado de contar com membros neonazistas. Ostenta um comportamento hostil à população LGBTQIA+. E o X se tornou um local seguro para grupos supremacistas após ser comprado por ele. Diante do contexto, ele precisaria tomar cuidado.
Mas como é Elon Musk, vai acusar os outros por suas falhas e não vai pedir desculpa. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
Sakamoto ressaltou que a real intenção de Musk com sua saudação polêmica já não importa tanto, uma vez que o milionário sinalizou estar ao lado de grupos radicais.
Quando Musk utiliza uma saudação como essa no dia da posse de um governo de extrema direita, ele envia um sinal poderoso para muitos supremacistas brancos, neonazistas, racistas e preconceituosos, que também estão na base do Trump. O homem mais rico do mundo e um dos mais poderosos dos EUA, que fará parte do governo norte-americano será lido por um grupo muito grande de pessoas como se estivesse apoiando a causa deles.
No fim das contas, pouco importa a intenção dele. O que importa é que ele fez e o contexto no qual está inserido. Se fosse alguém sem qualquer relação com a extrema direita a resposta seria bem diferente, mas não é. Esse é o ponto.
A falta de desculpa de Musk, que também pode ser atribuída à arrogância dele, na verdade o coloca nessa situação. Por conta disso, há elementos suficientes para desconfiar que ele fez e agora diz que não fez. Leonardo Sakamoto, colunista do UOL
O UOL News vai ao ar de segunda a sexta-feira em duas edições: às 10h, com apresentação de Fabíola Cidral, e às 17h, com Diego Sarza. Aos sábados, o programa é exibido às 11h e 17h, e aos domingos, às 17h.
Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL. O Canal UOL também está disponível na Claro (canal nº 549), Vivo TV (canal nº 613), Sky (canal nº 88), Oi TV (canal nº 140), TVRO Embratel (canal nº 546), Zapping (canal nº 64), Samsung TV Plus (canal nº 2074) e no UOL Play.
Veja a íntegra do programa: