Ex-embaixador: Governo Lula vive momento mais delicado da política externa
A volta de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos faz o governo Lula encarar seu período mais difícil na política externa, disse Rubens Barbosa, ex-embaixador em Washington, em entrevista ao UOL News nesta terça (21).
O prenúncio de que as relações entre os dois países podem ficar estremecidas veio a partir de uma declaração de Trump. Questionado sobre o Brasil, o novo presidente dos EUA disse esperar "uma grande relação", mas frisou: "Eles precisam de nós. Nós não precisamos deles. Todos precisam de nós".
Estamos entrando no momento mais delicado da política externa do governo Lula. Há não só a relação bilateral com os EUA, mas também a COP 30 [30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, em Belém (PA)], o Brics agora em junho, a questão do Panamá e da Venezuela, da imigração e das tarifas, que podem afetar os brasileiros... Essas medidas virão não com Trump, mas por Marco Rubio, secretário de Estado.
Já houve duas manifestações da Câmara dos EUA em relação a duas questões no Brasil. Foi mandada uma carta de alguns deputados da Comissão de Relações Exteriores para o Comitê de Direitos Humanos da OEA [Organização dos Estados Americanos] pedindo que fosse aberta uma investigação sobre o Brasil por causa da liberdade de expressão de americanos aqui no país. Se isso não fosse feito, o apoio financeiro do governo americano a essa comissão da OEA seria retirado.
A outra medida foi um projeto de lei apresentado por uma deputada republicana que determina a cassação do visto para o ministro Alexandre de Moraes. Isso não existe. Teremos um período muito desafiante em termos de relações políticas entre os Estados. Rubens Barbosa, ex-embaixador em Washington
Barbosa recomendou cautela ao governo federal para não responder de imediato às eventuais provocações de Trump.
A relação entre os governos será muito difícil, mas aquela entre os Estados continuará normalmente. O que Trump falou é uma verdade: dependemos mais dos EUA pelo comércio, pelos investimentos e por medidas que não sejam tomadas que impactem no Brasil do que nós podemos influir contra os interesses dos EUA.
Precisaremos aguardar e ter uma atitude pragmática, tranquila, e não reagir. (...) Precisaremos de atitudes profissionais do Itamaraty, e não respostas ideológicas e partidárias. A situação é complicada e afeta a todos. O Brasil terá muito a perder se abrir um flanco de oposição ao governo americano. Rubens Barbosa, ex-embaixador em Washington
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