Topo
Notícias

Milícia e disputa por terras: o que se sabe de ataque a assentamento do MST

do UOL

Do UOL, em São Paulo

12/01/2025 10h49

O ataque a um assentamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) na noite de sexta-feira (10) deixou dois mortos e seis pessoas feridas em Tremembé, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo.

O que se sabe sobre o caso

Homens invadiram local com carros e motos e atiraram contra integrantes do MST. "O que prova que esse grupo foi lá para aniquilá-lo", afirma Gilmar Mauro, coordenador nacional do MST. Em comunicado, o grupo afirma que região tem "pressão da especulação imobiliária muito intensa, articulada com políticos locais e milícias". O assentamento tem autorização legal (leia mais abaixo).

Um suspeito foi preso e outro está foragido, segundo a polícia. O homem foi identificado por testemunhas que estavam no assentamento Olga Benário como um dos responsáveis pelo ataque. Para o delegado Marcos Ricardo Parra, que investiga o ataque, o homem de 41 anos confessou participação no crime, mas negou que tenha envolvimento nas mortes.

Polícia pediu a conversão da prisão dele para preventiva e o suspeito passa por audiência de custódia ainda neste domingo. Até o fechamento deste texto, não havia informações atualizadas do resultado.

Uma das vítimas é referência do movimento. Valdir do Nascimento, conhecido como Valdirzão, foi morto com vários tiros na cabeça. No local, Gleison Barbosa de Carvalho, 28, também morreu. Outras seis pessoas ficaram feridas no ataque. Denis Carvalho, 29, está internado em coma induzido. As vítimas foram levadas ao Hospital Regional do Vale do Paraíba.

Governo Lula

O presidente Lula (PT) ligou para o coordenador nacional do MST após o ataque. O Ministério da Justiça determinou no sábado que a PF abrisse um inquérito para apurar o episódio.

Na ligação, Lula garantiu o acompanhamento do caso pela Presidência da República. Mauro detalhou a conversa em um áudio enviado em comunicação interna do MST.

O presidente afirmou que, assim que possível, visitará a região do Vale do Paraíba. Em nota da Presidência, o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, disse considerar o crime "bárbaro".

Como é o assentamento

Assentamento é regularizado pelo Incra. MST tem autorização do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária há 20 anos.

Cerca de 45 famílias vivem na área. O coordenador nacional do MST disse que cerca de 20 pessoas estavam no local para garantir que a área não fosse invadida durante o processo de regularização de um lote que seria ocupado por uma família.

Notícias