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Presidente da Coreia do Sul pode ser destituído após tentar impor lei marcial

Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol - Philip Fong via REUTERS
Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol Imagem: Philip Fong via REUTERS

06/12/2024 11h52

O presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, parecia estar cada vez mais próximo da queda nesta sexta-feira (6), após ser abandonado pelo próprio partido, que o considerou um "perigo" para o país, na véspera de uma votação no Parlamento sobre sua destituição devido à tentativa fracassada de impor a lei marcial.

Temendo uma nova ação autoritária do presidente, que desapareceu do espaço público desde a madrugada de quarta-feira, os deputados da oposição decidiram acampar no plenário até a análise da moção de destituição, prevista para a noite de sábado.

"Com a votação da destituição marcada para amanhã, as próximas horas são extremamente perigosas. Esta noite será o momento mais crítico", afirmou o líder da oposição, Lee Jae-myung, em entrevista à AFP nesta sexta-feira.

Manifestações exigindo a saída do impopular presidente conservador devem, segundo a polícia, reunir "dezenas de milhares de participantes" no sábado, em frente ao Parlamento e no centro de Seul. Os organizadores, por sua vez, esperam 200.000 manifestantes.

Yoon Suk Yeol tem sido amplamente criticado após, para surpresa geral, decretar a lei marcial na noite de terça-feira, antes de voltar atrás apenas seis horas depois, sob a pressão dos deputados e da população.

Nesta sexta-feira, ele foi abandonado por seu partido, o Partido do Poder ao Povo (PPP), que, no dia anterior, havia afirmado que impediria sua destituição.

"Ações extremas"

Se Yoon permanecer no cargo, "há um risco significativo de que ações extremas, semelhantes à declaração da lei marcial, se repitam, o que poderia colocar a República da Coreia e seus cidadãos em grande perigo", declarou o chefe do PPP, Han Dong-hoon, à televisão.

Ele também afirmou ter "provas" de que Yoon havia ordenado a prisão de líderes políticos na noite de terça para quarta-feira, quando 280 soldados tentaram tomar o controle do Parlamento.

"Diante de novos elementos, acredito que uma suspensão rápida do presidente Yoon Suk Yeol é necessária", afirmou Han.

O vice-diretor dos serviços de inteligência, Hong Jang-wong, disse durante uma audiência fechada com deputados que o presidente Yoon o havia chamado após decretar a lei marcial, pedindo-lhe para prender mais de dez líderes políticos, de acordo com um parlamentar presente na reunião.

O deputado de oposição Jo Seung-lae afirmou que entre os alvos estavam o líder da oposição Lee, o presidente da Assembleia Nacional, Woo Won-shik, e até mesmo Han, chefe do PPP.

Temores de uma 2ª lei marcial

"Recebemos muitas informações sobre uma segunda lei marcial. Até a votação da moção de destituição no sábado, todos os membros do Partido Democrata permanecerão no edifício principal da Assembleia Nacional", anunciou Jo.

"As pessoas podem achar que o exército e a polícia hesitariam em apoiar uma segunda tentativa, mas Yoon poderia explorar brechas para tentar novamente", disse Lee Jae-myung.

Ônibus e outros veículos foram estacionados nas praças ao redor do Parlamento para impedir que helicópteros das forças especiais aterrissassem, como ocorreu na noite de terça para quarta-feira.

O ministro da Defesa interino, Kim Seon-ho, negou os rumores de uma nova lei marcial. "Isso é completamente falso", declarou.

Se Yoon não renunciar antes, o Parlamento unicameral se reunirá no sábado às 19h (10h GMT) para decidir sobre sua destituição. Uma maioria de 200 deputados, dos 300 no total, é necessária para removê-lo do cargo.

O PPP tem 108 cadeiras, contra 192 da oposição, que precisa convencer pelo menos oito deputados do partido do presidente a apoiar a causa. Uma tarefa que não deve ser difícil após as declarações do líder do PPP.

Se a moção for aprovada, Yoon será suspenso até que sua destituição seja validada pela Corte Constitucional. Se confirmada, uma eleição presidencial ocorrerá em até 60 dias. Enquanto isso, o primeiro-ministro Han Duck-soo assumirá o cargo interinamente.

Yoon Suk Yeol, que também está sendo investigado por "rebelião", viu sua popularidade despencar para 13%, de acordo com uma pesquisa da Gallup publicada nesta sexta-feira.

Em seu pronunciamento televisivo, ao anunciar a lei marcial na noite de terça-feira, ele justificou a medida como necessária para proteger "a Coreia do Sul liberal das ameaças das forças comunistas norte-coreanas e para eliminar os elementos hostis ao Estado".

Ele acusou o Parlamento, controlado pela oposição, de bloquear "todos os orçamentos essenciais para as funções primárias da nação".

Apesar do cerco ao Parlamento pela polícia e pelo exército, 190 deputados conseguiram se infiltrar no prédio. Eles votaram por unanimidade uma moção contra a lei marcial, enquanto seus assistentes impediam os soldados de entrarem, barricando as portas com móveis.

Ao mesmo tempo, milhares de manifestantes se concentraram em frente ao Parlamento para exigir a saída do presidente. Yoon acabou revogando a lei marcial na madrugada de quarta-feira e enviou o exército de volta aos quartéis.

Principal aliado de Seul, Washington não pediu publicamente a saída de Yoon. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse nesta sexta-feira ao seu homólogo coreano, Cho Tae-yul, que "esperava que o processo democrático prevalecesse".

(Com AFP)

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