Trump diz que indicará senador Marco Rubio para secretário de Estado
Por Patricia Zengerle e David Brunnstrom
WASHINGTON (Reuters) - O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta quarta-feira que está indicando o senador republicano Marco Rubio, membro sênior dos comitês de relações exteriores e de inteligência, para o cargo de secretário de Estado.
"Ele será um forte defensor de nossa nação, um verdadeiro amigo de nossos aliados e um guerreiro destemido que nunca recuará diante de nossos adversários", disse Trump em um comunicado.
A escolha deve ser recebida com alívio pelos parceiros dos EUA, preocupados com a possibilidade de o governo Trump se afastar de sua rede global de alianças, incluindo a Otan, devido à abordagem "America First" (América em Primeiro Lugar) de Trump em relação às relações exteriores.
Rubio, de 53 anos, é conhecido por uma postura agressiva em relação à China, crítico declarado do governo comunista de Cuba e forte apoiador de Israel.
No passado, ele defendeu uma política externa mais assertiva dos EUA em relação aos seus inimigos geopolíticos, embora, mais recentemente, suas opiniões tenham se alinhado mais estreitamente com a abordagem "America First" de Trump para a política externa.
Em abril, ele foi um dos 15 senadores republicanos que votaram contra um grande pacote de auxílio militar para ajudar a Ucrânia a resistir à Rússia e apoiar outros parceiros dos EUA, incluindo Israel. Trump tem criticado a assistência militar contínua do presidente democrata Joe Biden para a Ucrânia em sua luta contra os invasores russos.
Rubio disse em entrevistas recentes que Kiev precisa buscar um acordo negociado com a Rússia em vez de se concentrar em recuperar todo o território que Moscou tomou na última década.
Sobre a guerra em Gaza, assim como Trump, Rubio tem sido um forte apoiador de Israel, dizendo que o Hamas é uma organização terrorista que deve ser eliminada e que o papel dos Estados Unidos é reabastecer Israel com os materiais militares necessários para concluir a tarefa.
LINHA-DURA COM A CHINA
Rubio é um dos membros do Senado com postura mais agressiva em relação à China, e Pequim impôs sanções contra ele em 2020 por causa de sua posição em relação aos protestos democráticos de Hong Kong. Isto poderá criar dificuldades a quaisquer tentativas de manter os esforços da administração Biden para manter o envolvimento diplomático com Pequim para evitar um conflito não intencional.
Entre outras coisas, Rubio conduziu uma lei no Congresso que deu a Washington uma nova ferramenta para barrar importações chinesas por conta do tratamento dispensado pela China aos muçulmanos uigures e também promoveu um projeto de lei que iria retirar os gabinetes econômicos e comerciais de Hong Kong dos EUA.
O senador republicano com três mandatos deve ganhar facilmente a confirmação no Senado, onde os republicanos de Trump terão uma maioria de pelo menos 52 a 48 a partir de janeiro.
O senador democrata Mark Warner, presidente do Comitê de Inteligência, rapidamente emitiu uma declaração elogiando a escolha de Rubio, vice-presidente do painel.
"Trabalhei com Marco Rubio por mais de uma década no Comitê de Inteligência, especialmente nos últimos dois anos em sua função de vice-presidente, e embora nem sempre concordemos, ele é inteligente, talentoso e será uma voz forte para os interesses norte-americanos em todo o mundo", disse Warner em comunicado.
Filho de imigrantes de Cuba, Rubio será o primeiro latino a ocupar o principal cargo diplomata dos Estados Unidos.
(Reportagem de David Brunnstrom e Patricia Zengerle; reportagem adicional de Eric Beech)