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Lula cutuca Congresso sobre emendas e critica mercado: 'Age com hipocrisia'

do UOL

Do UOL, em Brasília

06/11/2024 18h30Atualizada em 06/11/2024 18h36

O presidente Lula (PT) voltou a cutucar o mercado financeiro e questionar a atitude do Congresso em meio ao debate de corte de gastos pelo governo.

O que aconteceu

O Executivo vem sofrendo pressão do setor financeiro para que apresente corte no orçamento de 2026. Em julho, também sob pressão do mercado, a equipe econômica já anunciou o congelamento de R$ 15 bilhões em gastos para este ano e mais R$ 25,9 bilhões para 2025.

"Acho que o mercado age com uma certa hipocrisia, sabe, com uma contribuição muito grande da imprensa brasileira, para tentar criar confusão na cabeça da sociedade", afirmou o petista em entrevista gravada nesta manhã (6) para a RedeTV!. "Acontece que nós não podemos mais jogar, toda vez que você tem que cortar alguma coisa, em cima do ombro das pessoas mais necessitadas."

Íntegra vai ar no domingo, às 22h30. A conversa será exibida no programa PODK Liberados, dos senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Leila Barros (PDT-DF). Lula também comentou a eleição de Donald Trump nos EUA e a queda que sofreu em outubro no banheiro do Alvorada.

Lula tem resistido a qualquer corte que impacte em programas básicos e sociais. Enviando sinais de que não gosta de se submeter a pressões externas, o presidente gosta de repetir que alguns tipos de despesas, como os programas sociais, não são gasto, são investimento. Também flerta com o não cumprimento da meta fiscal, proposta pela própria equipe.

Suas falas têm gerado instabilidade no mercado, com alta do dólar e queda na Bolsa, enquanto a equipe econômica avalia um pacote possível para equilibrar as contas. A cúpula do governo tem se reunido desde segunda (4) para debater aonde será a sangria.

"A gente ainda não concluiu o pacote", informou o presidente. O presidente realizou uma nova reunião com diversas pastas nesta tarde, em meio a disputas internas para ver quem perde menos.

"Eu estou num processo de discussão muito séria, porque eu conheço bem o discurso do mercado, a gana especulativa do mercado", completou. "Os empresários que vivem de subsídio do governo vão aceitar abrir mão um pouco de subsídio para a gente poder equilibrar a economia brasileira? Vão aceitar? Eu não sei se vão aceitar."

Lula também reclamou do Congresso. Desde que passou a ser cobrado para diminuir despesas, a articulação política do governo tem tentado "dividir" o ônus com o Legislativo, que também apresenta resistência em cortar suas verbas.

Se eu fizer um corte de gasto para diminuir a capacidade de investimento do orçamento, a pergunta que eu faço é a seguinte: o Congresso vai aceitar reduzir as emendas de deputados e senadores para contribuir com o ajuste fiscal que eu vou fazer? Porque não é só tirar do orçamento do governo.
Lula, sobre corte de gastos

A prometida rodada de cortes já está tencionando o governo internamente. Como Lula, a maioria dos ministros tem pedido mais orçamento e verbas para suas respectivas pastas, não menos.

Decidir aonde vai cortar é a decisão que Lula não quer tomar. Da última vez, para acalmar os ânimos, a equipe econômica tirou "um pouco de cada". Agora, no entanto, alguns titulares das pastas já fazem saber que, mesmo que o corte seja geral e feito de forma justa, eles não têm mais onde espremer.

Ainda falta negociar com o Congresso. A proposta de corte de gastos deverá ser apresentada pelo Executivo em forma de PEC (Proposta de Emenda à Constituição), o que ainda cobra ao governo articulação para aprovação nas duas casas com o mínimo de perda possível. Haddad já começou as conversas, que devem se intensificar na próxima semana.

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