'Os cinco do Central Park' processam Trump por difamação
Cinco homens injustamente condenados pelo estupro, em 1989, de uma mulher no Central Park entraram, nesta segunda-feira (21), com um processo por difamação contra o candidato republicano, Donald Trump, por comentários que ele fez durante um debate presidencial.
O processo, apresentado ante uma corte na Pensilvânia, acusa o ex-presidente de fazer comentários "falsos e difamatórios" durante o debate de 10 de setembro com sua rival, a democrata Kamala Harris.
Os cinco homens - quatro negros e um latino - eram adolescentes quando foram acusados de estuprar e quase matar uma jovem branca que corria no parque nova-iorquino.
Apesar das lacunas da acusação e de seu DNA não coincidir com o da cena do crime, os cinco foram condenados injustamente e passaram entre 6 e 13 anos na prisão antes de um estuprador em série confessar que foi o responsável pelo ataque.
Em 2014, Yusef Salaam, Raymond Santana, Kevin Richardson, Antron Brown e Korey Wise receberam uma indenização de 41 milhões de dólares (233 milhões de reais) por seu período atrás das grades.
Durante o debate presidencial, Tump "afirmou falsamente que os demandantes mataram uma pessoa e se declararam culpados do crime", segundo o processo. "Essas declarações são falsas".
"Os demandantes nunca se declararam culpados de nenhum crime e depois foram absolvidos de qualquer delito".
Submetidos a longos interrogatórios sem a presença de advogados, os jovens foram processados com base em confissões nas quais se acusavam mutuamente e que depois disseram ter feito sob pressão.
O processo também recordou que onze dias depois do ataque do Central Park, Trump fez um anúncio de página inteira em quatro jornais de Nova York pedindo para "trazer de volta a pena de morte".
Trump se referiu aos "Cinco de Central Park" depois que Harris mencionou esse anúncio durante o debate para ilustrar seu argumento de que Trump utiliza o tema racial para "dividir os americanos".
"Admitiram, disseram... se declararam culpados", afirmou Trump.
"E eu disse, bom, se se declararam culpados, feriram gravemente uma pessoa, mataram uma pessoa em última instância...".
"Se declararam culpados... depois se declararam inocentes", afirmou Trump.
O caso, que dominou as manchetes e expôs a discriminação racial em Nova York, inspirou a minissérie dramática "Olhos que Condenam", da Netflix.
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