Israel bombardeia 300 alvos no Líbano enquanto EUA faz apelos por fim da guerra
Israel voltou a bombardear, nesta segunda-feira (21), o subúrbio ao sul de Beirute e anunciou que atingiu cerca de 300 alvos do Hezbollah em 24 horas no Líbano, em uma guerra sem trégua que os Estados Unidos querem acabar "o mais rápido possível".
Nesse contexto, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, estará na terça-feira em Israel e na quarta-feira na Jordânia para tentar dar novo impulso às negociações para um cessar-fogo em Gaza e conter uma escalada regional.
O Exército israelense afirmou que o Hezbollah disparou cerca de 170 projéteis do Líbano em direção a Israel, enquanto a milícia libanesa pró-iraniana disse ter atacado uma base de inteligência israelense perto de Tel Aviv.
A agência de notícias oficial libanesa (NNA, na sigla em inglês) relatou 13 bombardeios nos subúrbios ao sul de Beirute na noite desta segunda-feira, após o Exército israelense ter emitido avisos de evacuação aos moradores de vários distritos.
Socorristas ligados ao Hezbollah informaram à AFP que ao menos três pessoas morreram no bairro de Ouzai e que estavam buscando sobreviventes. "Não deixaram margem para que as pessoas pudessem escapar. O ataque ocorreu logo após o aviso", declarou um deles.
Outras quatro pessoas, incluindo uma criança, morreram em outro bombardeio próximo ao maior hospital público do Líbano, informou o Ministério da Saúde libanês.
Essa fonte havia reportado anteriormente seis mortos, incluindo uma criança, na cidade de Baalbek, no leste do país, além de quatro socorristas mortos nas últimas 24 horas no sul, em bombardeios israelenses.
- 'O mais rápido possível' -
Em uma visita a Beirute, o enviado dos Estados Unidos Amos Hochstein afirmou que Washington trabalha para colocar fim "o mais rápido possível" ao conflito entre Israel e Hezbollah.
Hochstein assegurou que a resolução 1701 da ONU, que pôs fim à guerra entre Israel e Hezbollah em 2006, deveria ser a base para um novo cessar-fogo, mas que nenhuma das partes "fez nada para implementá-la".
Segundo a resolução 1701, apenas o Exército libanês e a força de manutenção da paz da ONU, Unifil (na sigla em inglês), podem se deslocar nas áreas ao sul do rio Litani, próximo à fronteira israelense.
Apesar dessa resolução, o Hezbollah continua presente no sul do Líbano, onde Israel ? paralelamente à sua guerra contra o movimento palestino Hamas na Faixa de Gaza ? lançou uma ofensiva terrestre em 30 de setembro, uma semana após iniciar bombardeios em massa contra o grupo libanês.
- Ataques contra o financiamento do Hezbollah -
Nesta segunda-feira, o Exército israelense disse ter atingido cerca de 30 alvos relacionados à organização financeira Al Qard Al Hassan, por sua vez ligada ao Hezbollah, que Israel acusa de financiar o armamento do grupo.
Entre esses alvos havia um bunker que continha "dezenas de milhões de dólares" em dinheiro e ouro, acrescentou.
O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos (Acnudh) condenou nesta segunda-feira os "danos consideráveis a instalações civis" decorrentes desses bombardeios contra a Al Qard Al Hassan.
Essa instituição está sancionada pelos Estados Unidos, que acusam o Hezbollah de usá-la como fachada para as atividades financeiras do grupo e para acessar o sistema financeiro internacional.
Além disso, o Exército israelense anunciou ter "eliminado" na Síria um alto comandante do Hezbollah encarregado de uma parte importante do financiamento do movimento islamista libanês.
O Exército israelense também prossegue com suas operações terrestres no sul do Líbano, com o objetivo de permitir que cerca de 60.000 israelenses deslocados pelos disparos de projéteis do grupo xiita possam voltar para suas casas.
Pelo menos 1.489 pessoas morreram no Líbano desde 23 de setembro, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais. A ONU contabilizou cerca de 700.000 deslocados em meados de outubro.
Na Síria, o governo afirmou que dois civis morreram em um ataque aéreo israelense contra um distrito de embaixadas da capital Damasco.
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), ocorria nas proximidades uma cerimônia em memória ao líder do Hamas Yahya Sinwar, assassinado por soldados israelenses em Gaza em 16 de outubro.
Duas fontes do Hamas indicaram que o movimento islamista palestino será temporariamente dirigido por um comitê com sede no Catar.
- 'Morreremos de fome' -
Os confrontos de ambos os lados da fronteira libanesa começaram após o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.206 pessoas, em sua maioria civis, segundo um levantamento baseado em dados oficiais israelenses, que inclui os reféns que morreram durante o cativeiro em Gaza.
Das 251 pessoas sequestradas durante o ataque, 97 permanecem cativas em Gaza, incluindo 34 que foram declaradas mortas pelo Exército israelense.
O ataque desencadeou a guerra em Gaza, onde a ofensiva israelense já matou 42.603 pessoas, em sua maioria civis, segundo números do Ministério da Saúde no território controlado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
Em 6 de outubro, Israel lançou uma importante campanha aérea e terrestre no norte do território palestino com o objetivo, segundo o seu Exército, de evitar que os combatentes do Hamas se reorganizem.
Segundo a agência da ONU para os refugiados palestinos, a UNRWA, pelo menos 400 mil pessoas estão presas no norte do território palestino.
"Se não morrermos pelos bombardeios e disparos, morreremos de fome", declarou Umm Firas Shamiyah, residente deslocada de 42 anos, exigindo o envio de ajuda humanitária ao norte.
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