De Wandinha a Agatha: diretora brasileira Gandja Monteiro assina produções cheias de magia
A diretora brasileira Gandja Monteiro acaba de marcar presença no Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) com a estreia do sexto episódio de Agatha Desde Sempre, que entrou no ar na última quarta-feira (16), na plataforma Disney+. A cineasta dirigiu este e os capítulos oito e nove, que finalizam a minissérie e estarão disponíveis em 30 de outubro e 6 de novembro, respectivamente.
A diretora brasileira Gandja Monteiro acaba de marcar presença no Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) com a estreia do sexto episódio de Agatha Desde Sempre, que entrou no ar na última quarta-feira (16), na plataforma Disney+. A cineasta dirigiu este e os capítulos oito e nove, que finalizam a minissérie e estarão disponíveis em 30 de outubro e 6 de novembro, respectivamente.
Cleide Klock, correspondente da RFI em Los Angeles
Gandja é hoje uma das cineastas brasileiras com maior destaque na direção de séries de TV norte-americanas, com produções que trazem à tona narrativas autênticas e complexas e representam um avanço significativo na busca por uma indústria do entretenimento mais inclusiva. Mas nem por isso é fácil, muito pelo contrário: o sucesso individual da cineasta, embora inspirador, não apaga a realidade de que as mulheres latinas ainda enfrentam desafios sistêmicos em Hollywood.
"Estamos bem longe de uma representatividade real em Hollywood. Acho que a representatividade latina é bem minúscula e de mulheres também, os números parecem que não sobem. Pré-pandemia, os números estavam mais altos, aí caíram durante a pandemia e isso faz uma diferença muito grande", afirma Gandja.
"Eu acho que todo trabalho ajuda o próximo, então é lógico que a Marvel tem um certo espaço na indústria. Mas, é interessante porque o estúdio não estava em um lugar tão brilhante nos últimos tempos e eu acho que dirigir uma série como Agatha ajuda, porque ela é uma desconstrução do que a Marvel tem feito", destaca a cineasta brasileira.
Agatha Desde Sempre explora a origem e a história da poderosa feiticeira Agatha Harkness, personagem icônica dos quadrinhos. Após sua aparição marcante em "WandaVision" (2021), a série se aprofunda no passado de Agatha, revelando seus segredos, poderes e conexões com outros personagens do MCU. A minissérie foi dirigida por três diretoras.
"Todas mulheres e muitas roteiristas mulheres, a criadora também é mulher, a executiva da Marvel, também. É bem feminino o universo", constata.
Um olhar único para a magia
Gandja nasceu em Nova York, mas é filha de pais brasileiros. A cineasta morou no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte quando era criança, e vive há 14 anos em Los Angeles. Apesar de estar há pouco tempo dirigindo produções de TV nos Estados Unidos, já carrega no currículo grandes títulos do universo da fantasia e do terror.
Além deste lançamento da Marvel, de 2022 até agora ela dirigiu dois episódios de Wandinha, a série de Tim Burton sobre a adolescente de A Família Addams, e episódios de The Witcher (Netflix) e Dead City, spin-off do sucesso The Walking Dead.
"Eu ando dirigindo TV nos Estados Unidos há uns 6 anos. Foi a série que menos esperaria que chamou a atenção da Marvel: uma série de terror chamada Brand New Cherry Flavor, que acabou sendo um sucesso underground, um sucesso cult. Eu acho que essa série queria um pouco disso, uma textura um pouco mais cult, mais dark mesmo", revela a cineasta.
Cenas dos próximos capítulos
Gandja revelou à RFI que o foco não é apenas uma carreira em Hollywood, mas internacional. Além de projetos nos Estados Unidos, tem outros no Brasil, onde também já assinou produções como a série documental Outros Tempos e o curta Quase todo dia.
"Eu acabei de dirigir a série nova do Vince Gilligan, que foi o criador de Breaking Bad. Fiz uma outra série com um ator maravilhoso que é o Sterling K. Brown e a Julianne Nicholson, e estou com vários longas e projetos", antecipa.
A atual contração da indústria cinematográfica impacta diretamente o número de empregos e, consequentemente, a representatividade latina e feminina. Com os estúdios priorizando projetos de menor risco, tudo continua "como era antes", avalia a brasileira.
Mas, a cineasta é um exemplo de como a resistência e a criatividade florescem mesmo em tempos desafiadores, abrindo caminho para que outras identidades e histórias ganhem mais espaço. "Eu sou brasileira. Nasci nos Estados Unidos, mas meus pais são brasileiros, de Minas. Acho que tudo que eu vivo, tudo que eu penso tem essa pegada. Tem muito Brasil nisso", conclui.