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Os desafios para Harris e Trump em um dos debates mais aguardados da política americana

10/09/2024 05h24

Nesta terça-feira (10), às 21h no horário local, a cidade de Filadélfia será o palco do primeiro encontro cara a cara entre Kamala Harris e Donald Trump como candidatos à presidência dos Estados Unidos. O debate, transmitido pela ABC News, marca o segundo confronto televisivo da campanha de 2024, em uma eleição que já é considerada uma das mais impactantes dos últimos 60 anos.

Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York

A candidatura de Harris, que se iniciou após a desistência de Joe Biden de buscar a reeleição, é a mais curta da história recente americana, com apenas 107 dias para convencer os eleitores. Este debate se torna ainda mais significativo após o desempenho de Biden em junho, que levou à sua retirada da corrida presidencial.

Analistas políticos estão comparando o evento ao histórico confronto de 1960 entre John F. Kennedy e Richard Nixon. Nixon, que se apresentou debilitado, gripado e com a barba por fazer, foi superado por Kennedy, cuja preparação televisiva foi decisiva para sua vitória. O debate entre Harris e Trump pode ter um impacto semelhante.

Em uma palestra recente, o diretor de debates da Universidade de Michigan, Aaron Kall, disse que as apostas no embate de hoje são altíssimas. "Este pode ser o único momento em que os candidatos estarão frente a frente. Eles precisam aproveitar para causar uma boa impressão e definir suas plataformas de forma clara para os eleitores", afirmou Kall.

Oportunidade crucial para Kamala

De acordo com sua previsão, a audiência para o debate desta terça-feira deve superar a do confronto entre Trump e Biden, que atraiu mais de 50 milhões de espectadores. Para Harris, será uma oportunidade crucial de se apresentar a um público bipartidário e aumentar sua popularidade, entre os eleitores indecisos.

Mas Harris terá um duro trabalho por diante, especialmente no que diz respeito a provar ao eleitor que ela não apenas é diferente de Trump, mas possui um plano próprio para administrar o país.

O eleitor espera conhecer as propostas de Harris em termos de políticas públicas, especialmente em temas pelos quais ela vem enfrentando críticas como o aumento da inflação e a crise migratória.

Outro ponto de destaque será o aborto, o segundo tema mais importante para os eleitores de acordo com uma recente pesquisa realizada pelo Siena College e o jornal The New York Times. O eleitorado americano estará atento às posições de ambos os candidatos.

Por seu lado, Trump enfrentará o desafio de ajustar sua estratégia contra uma nova oponente, depois de ter focado em criticar Biden, a quem ele chamava de "Sleepy Joe" - ou "Joe sonolento" - devido à idade e às constantes gafes do presidente.

No entanto, com Biden fora da disputa, Trump, aos 78 anos, começa a ser questionado sobre sua própria capacidade física e mental. Recentemente, ele foi criticado por uma resposta confusa sobre creches e viralizou em imagens onde parecia estar dormindo durante a Convenção Republicana, o que sua equipe afirmou serem momentos de oração.

Expectativa pela presença de Trump 

Nos dias que antecederam o acordo pelo debate, Trump vinha sendo ambíguo quanto à sua participação no encontro. Ele ameaçou não comparecer caso as regras fossem alteradas, como o desligamento de microfones durante a fala do oponente, uma medida que Harris inicialmente apoiava, mas acabou por abandonar para garantir a realização do evento. Sua campanha garantiu a participação do republicano no evento da noite desta terça-feira e, de acordo com analistas, é pouco provável que Donald Trump se abstenha.

Além disso, o debate desta noite pode ser decisivo para a definição dos rumos da campanha de 2024, em um momento em que as pesquisas de intenção de voto apontam uma corrida acirrada, com possíveis empates, em alguns dos sete estados-chave para a eleição.

A pesquisa do The New York Times/Siena College mostra Trump à frente de Harris, 48% a 47%, na média nacional, números que praticamente não mudaram desde que outra pesquisa foi realizada no final de julho, logo após o presidente Biden abandonar sua candidatura à reeleição.

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