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Alta do Guaíba põe em alerta moradores em 16 cidades da Grande Porto Alegre

do UOL

Do UOL, em São Paulo

05/05/2024 08h07Atualizada em 05/05/2024 13h30

A Defesa Civil emitiu um alerta de inundação para a região metropolitana de Porto Alegre por causa da elevação do Guaíba.

O que aconteceu

Alerta de inundações da Defesa Civil vale para ao menos 16 municípios da região metropolitana de Porto Alegre. Além da capital gaúcha estão na lista: Barra do Ribeiro, Canoas, Cachoeirinha, Charqueadas, Eldorado do Sul, Gravataí, Guaíba, Montenegro, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, Pareci Novo, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Taquara, Triunfo.

Região tem mais de 3 milhões de habitantes, segundo dados do Ibge. Porém, a Defesa Civil não especificou o total de moradores afetados.

Nem todos os bairros serão atingidos da mesma forma, explica a Defesa Civil. "Áreas mais altas não serão afetadas com a mesma intensidade. Quem mora em áreas mais baixas deve buscar abrigo em locais seguros".

"Intenção não é de causar pânico", disse o chefe da Casa Civil após a divulgação do mapa. O coronel Luciano Boeira salientou para a Rádio Gaúcha que, apesar das marcações em vermelho, é preciso levar em conta a topografia de cada município. "Nós temos muitos casos de pessoas que não acreditam que o rio vai continuar subindo e acabam, no meio da noite, tendo que sair de suas casas", disse na entrevista.

Defesa Civil também alerta para chuvas e ventos fortes na região metropolitana e no Norte e Noroeste do Rio Grande do Sul. Há risco de queda de granizo, alagamentos e descargas elétricas. O alerta vale até as 14h de hoje.

Também podem ocorrer inundações em áreas do entorno do rio Uruguai, na fronteira com a Argentina. São dois trechos em risco: um vai da tríplice fronteira entre Brasil, Uruguai e Argentina até São Borja; já o outro vai de Garruchos até Porto Mauá.

O nível do Guaíba chegou a 5,30 metros de altura às 7h de hoje. Porém, baixou para 5,28 metros às 10h. Os dados são da régua da Agência Nacional de Águas (ANA) e Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA).

Chuvas no Rio Grande do Sul já mataram 75 pessoas, segundo boletim da Defesa Civil. São 103 desaparecidos e 155 feridos até o início da tarde deste domingo (5).

Lula volta do Estado acompanhado de ministros e políticos. O presidente fechou acompanhado da primeira-dama, Janja, de 13 ministros de seu governo, além dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Ministros do STF e do TCU também fazem parte do grupo.

Na região metropolitana, a cidade de Canoas é uma das mais atingidas. A elevação rápida do Rio dos Sinos deixou famílias ilhadas e fechou hospitais. Autoridades pedem que moradores dos bairros Harmonia, Cinco Colônias, Mathias Velho, Central Park e Fátima deixem suas casas e busquem abrigo em áreas altas da cidade.

Voluntários chegaram a fazer um cordão humano para carregar pessoas ilhadas. Situação ocorreu no bairro Mathias Velho, um dos mais atingidos.

Cerca de 780.725 pessoas em 334 municípios foram afetados pelas chuvas no Rio Grande do Sul, segundo a Defesa Civil. A estimativa é que pelo menos 88.019 pessoas foram desalojadas, das quais 16.609 estão alojadas em abrigos. No centro histórico de Porto Alegre, comércios e casas continuam alagados. No sábado (4), os acessos ao Aeroporto Internacional Salgado Filho foram bloqueados pela água.

Guaíba deve ficar acima dos 4 metros de altura por 5 a 10 dias, estima Defesa Civil. Na cheia de 1941, o Guaíba ficou com o nível acima dos 3 metros durante 25 dias e, segundo o órgão, "como essa cheia [de 2024] foi maior, a gente tem a perspectiva de ter esses valores também".

Porto Alegre é protegida por muros e comportas. Contudo, apesar das barreiras, na região central da cidade, o muro Mauá já está sofrendo rupturas —a estrutura suporta uma enchente de até 6 metros.

RS tem 839 mil imóveis sem água e 421 mil sem luz

Há 264 mil clientes da concessionária RGE Sul sem energia elétrica. O número representa 8,51% do total de clientes. A maioria vive em regiões inundadas ou em locais com impedimento de acesso das equipes, informou a distribuidora. As regiões mais afetadas são o Vale do Taquari e o Vale do Rio Pardo.

Porto Alegre, Guaíba, Eldorado do Sul e Alvorada também têm pontos sem luz. As cidades são atendidas pela CEEE Equatorial, que totaliza, no momento, 157.108 mil clientes sem energia (que representa 8,73% do total).

Os temporais deixaram 839 mil endereços sem abastecimento de água, segundo a Corsan (Companhia Riograndense de Saneamento). O número representa 28% do total de clientes no Rio Grande do Sul.

Governador fala em 1 milhão de imóveis sem água no estado. "Se colocar 3 pessoas por unidade, a gente está falando em 1/3 da população gaúcha desabastecida", disse Eduardo Leite (PSDB).

Prefeito alerta para falta de água potável

Das seis estações de tratamento de água de Porto Alegre, quatro estão com operações suspensas. O prefeito Sebastião Melo (MDB) fez um apelo: "Não dá para desperdiçar um copo de água, neste momento. Tem milhares de pessoas que não têm caixas d'água na cidade. É quase uma determinação do prefeito. Teremos um problema sério de água. Estamos trabalhando fortemente para recuperar a situação, mas, quando o rio está muito para cima, você não consegue fazer o tratamento da água".

Há relatos de falta de água na zona norte, segundo Maurício Loss, diretor-geral do DMAE (Departamento Municipal de Água e Esgotos). "Estamos tentando isolar um pouco as bombas para que a gente consiga religar principalmente a estação de São João".

Chuvas perdem força a partir de hoje

Volume de chuva está diminuindo, diz a meteorologista Catia Valente, da Sala de Situação do Estado. Mas, assim como no sábado, há previsão de chuva em áreas já impactadas.

Governador destaca que previsão de chuva fina também traz problemas. Eduardo Leite diz que quadro pode causar maior umidade maior e neblina, o que dificulta o sobrevoo dos helicópteros de resgate. "Ainda vai ter muitos transtornos para os próximos dias, infelizmente, em razão do grau dos danos nos nossos municípios", disse, em transmissão ao vivo no sábado (4).

Semana começa com pouca chance de chuva em Porto Alegre. Na segunda (6), a chance de tempestade é de 11%, contra 14% na terça (7). Nos dois dias, a previsão é de sol entre nuvens, segundo a Climatempo. As máximas poderão atingir 35ºC em algumas cidades e podem alcançar 32ºC a 34ºC na Grande Porto Alegre.

Cenário pode mudar a partir de quarta-feira (8). Em Porto Alegre, pancadas de chuva são previstas durante a tarde e a noite. Na quinta (9), a temperatura começa a cair e a possibilidade de chuva na capital fica em 53%, ante 45% na sexta (10).

*Com informações de Estadão Conteúdo

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