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Esperando filho, Daniel Cravinhos busca recomeço customizando capacetes

Cumprindo pena em regime aberto desde 2018, Daniel Cravinhos virou designer e customizador de motos esportivas - Reprodução/Instagram
Cumprindo pena em regime aberto desde 2018, Daniel Cravinhos virou designer e customizador de motos esportivas Imagem: Reprodução/Instagram
do UOL

Alessandro Reis

Do UOL, em São Paulo (SP)

18/04/2024 04h00

Condenado a 39 anos e seis meses de prisão pelo assassinato dos pais da então namorada Suzane von Richthofen, que aconteceu em 2002, Daniel Cravinhos voltou ao noticiário ao revelar que está esperando um filho.

A revelação foi dada ao colunista do jornal "O Globo" e escritor Ullisses Campbell e publicada nesta quarta-feira (17). Na mesma coluna, Cravinhos, hoje com 43 anos, diz que um dia irá contar ao filho sobre o crime e também fala sobre o desejo de buscar o perdão de Andreas von Richthofen, irmão de Suzane - a publicação traz uma carta aberta de Daniel, endereçada ao ex-cunhado.

Na entrevista a Campbell, Cravinhos também fala sobre seu recomeço após deixar a prisão - ele recebeu o benefício do regime aberto em 2018.

"Carrego uma culpa colossal e devastadora. As pessoas não fazem ideia. Posto fotos correndo de moto e customizando veículos de corrida e capacetes. Mas isso não significa que estou bem. Os eventos passados continuam a afetar a mim e à vida das pessoas envolvidas, mesmo após muitos anos. Estou tentando viver com os meus fantasmas. Não é fácil".

Atualmente, Daniel Cravinhos trabalha em uma oficina de customização de motos e capacetes e posta seus trabalhos em um perfil no Instagram.

"Já ouvi comentários do tipo: 'O capacete ficou ótimo, mas você sabia que foi feito por um assassino?' Isso machuca, mas eu continuo seguindo em frente".

Nova vida

Daniel Cravinhos costuma postar no Instagram imagens dos seus projetos de customização de motocicletas - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Daniel Cravinhos costuma postar no Instagram imagens dos seus projetos de customização de motocicletas
Imagem: Reprodução/Instagram

Daniel Cravinhos mora atualmente no Campo Belo, na zona sul da capital paulista

Ele hoje trabalha personalizando motos de alta performance

Também pilota motocicletas, segundo afirmou recentemente ao jornalista Ullisses Campbell - autor do livro "Suzane: Assassina e Manipuladora" (Editora Matrix)

Daniel compartilha seu trabalho na mesma rede social, no perfil D'ArtePaint.PRT. Lá, exibe fotos e vídeos de motos e capacetes que ele mesmo customizou. As imagens incluem uma motocicleta do piloto Alex Barros, ex-participante da MotoGP.

Trabalho com motovelocidade, algo que sonho desde menino (...). Quando saí da cadeia, conheci pessoas incríveis que me ajudaram muito na minha ressocialização. Graças a essa rede de apoio, virei piloto e customizador de motos e designer. Pintamos qualquer tipo de coisa personalizada" Daniel Cravinhos, em entrevista publicada no perfil do escritor Ullisses Campbell no Instagram

UOL Carros entrou em contato com o designer para saber mais detalhes da sua nova profissão, mas ele preferiu não dar entrevista neste momento.

Compra de moto levou a prisões

Compra de moto Suzuki da alta cilindrada por Cristian Cravinhos logo após mortes levantou suspeitas da polícia - Rogério Cassimiro/Folhapress - Rogério Cassimiro/Folhapress
Compra de moto Suzuki da alta cilindrada por Cristian Cravinhos logo após mortes levantou suspeitas da polícia
Imagem: Rogério Cassimiro/Folhapress

Curiosamente, o mundo das motos, que agora concretiza a volta por cima após mais de 15 anos de cadeia, foi decisivo para as prisões de Daniel, do seu irmão mais velho Cristian e de Suzane, em novembro de 2002.

Os três foram posteriormente condenados pela participação nas mortes de Manfred e Marísia von Richthofen, pais de Suzane

O casal foi atacado com pauladas enquanto dormia em casa, no Brooklin, também na zona sul de São Paulo

Hoje, Daniel e Suzane cumprem pena no regime aberto, enquanto Cristian perdeu o benefício e está no semiaberto

Cristian Cravinhos foi preso novamente em 2018, sob acusação de portar munição de uso controlado

Cristian, Daniel e Suzane são fotografados logo após sua prisão pelos assassinatos do casal Richthofen - Reprodução - Reprodução
Cristian, Daniel e Suzane são fotografados logo após sua prisão pelos assassinatos do casal Richthofen
Imagem: Reprodução

"Cristian Cravinhos também é apaixonado por motos. Foi devido a uma moto que o crime foi solucionado", lembra Campbell em conversa com nossa reportagem.

Ele se refere à Suzuki GSX R, de alta cilindrada, que Cristian Cravinhos, então desempregado, comprou um dia após os assassinatos de Manfred e Marísia.

Parte do pagamento foi realizada em dinheiro vivo, com notas de US$ 100, totalizando US$ 3.600 - as cédulas tinham sido roubadas do escritório do pai de Suzane no dia das mortes, segundo investigação da Polícia Civil.

Ullisses Campbell destaca que a profissionalização de Daniel como designer de motos teve início quando ele ainda estava recluso na Penitenciária 2 de Tremembé (SP).

Daniel começou a fazer isso ainda dentro da cadeia. Ele chegou a customizar a moto de um servidor da Secretaria da Administração Penitenciária. É tão talentoso que depois outros funcionários do sistema penitenciário passaram a levar motos para ele transformar" Ullisses Campbell, jornalista e escritor

Volta a antigo hobby

Daniel Cravinhos voltou a personalizar e pilotar aeromodelos por controle remoto no Ibirapuera - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Daniel Cravinhos voltou a personalizar e pilotar aeromodelos por controle remoto no Ibirapuera
Imagem: Reprodução/Instagram

No Instagram, Daniel Cravinhos também publica imagens de aeromodelos, uma paixão antiga.

No livro sobre os assassinatos dos pais de Suzane, Campbell menciona o hábito que Daniel tinha de personalizar e pilotar as aeronaves por controle remoto no Parque do Ibirapuera, na cidade de São Paulo.

Ele costumava ir na companhia do seu pai, Astrogildo Cravinhos - que morreu em 2014 aos 69 anos, vítima de câncer de pulmão

O assunto foi abordado na entrevista com o agora customizador de motocicletas, que retomou o antigo hobby

"São muitas sensações. Sem dúvidas, a primeira é a ausência do meu pai. Ele sempre ia comigo ao parque. Como estava em Tremembé, não pude ir ao seu enterro (...). Fico tentando entender como me deixei levar por uma energia ruim na época em que frequentava um lugar tão mágico (...). Voltar ao parque é uma tentativa de tentar mudar o passado".

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Com informações de reportagem publicada em 14/4/2023

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