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Governo aposta em safra recorde e nega tabelamento de preços de alimentos

Preço dos alimentos está subindo mais do que a inflação média - iStock
Preço dos alimentos está subindo mais do que a inflação média Imagem: iStock

Do UOL, em Brasília

24/01/2025 13h32Atualizada em 24/01/2025 13h53

O governo Lula (PT) aposta no crescimento previsto de 8,2% na safra e negou congelamento ou tabelamento de preços para baratear os alimentos.

O que aconteceu

O preço dos alimentos está subindo mais do que a inflação. A variação foi de 7,69% no ano passado, bastante acima do IPCA, que fechou em 4,83%.

A prévia da inflação de janeiro manteve os alimentos acima da média. Enquanto o IPCA-15 ficou em 0,11%, o brasileiro viu o valor da comida subir 1,06%.

A expectativa é que a maior safra barateie os alimentos. O crescimento deve ser "bastante robusto", segundo destacou o ministro Rui Costa (Casa Civil). "A safra em geral deve crescer 8,2%. O arroz, 13%, e feijão, 5%. 2024 foi um ano severo no clima e comprometeu parte da oferta de alimentos, o que não ocorrerá neste ano."

Os estímulos do governo vão ser focados nos produtos da cesta básica. O Plano Safra será dirigido a estes produtos e está previsto diminuição de juros. Ainda haverá reuniões com supermercados, frigoríficos e produtores para aumentar a produção.

Nenhuma medida heterodoxa será adotada. Não terá congelamento nem tabelamento de preços. Não terá fiscal do Lula nos supermercados nem feiras. Não ter rede estatal para vender produtos.

Os preços se formam no mercado. Eles não são produzidos artificialmente. Hoje o Brasil tem se tornado o que se chama de 'supermercado do mundo', com crescimento da produção de processamento de alimentos.
Rui Costa, ministro da Casa Civil

Segundo Rui Costa, o governo vai atuar para minimizar o custo de intermediação. "Neste item entra a questão do vale-refeição e alimentação. O governo quer que todo o valor fique com o trabalhador. A Fazenda vai estudar medidas de aperfeiçoamento para, num prazo bem curto, apresentar ao presidente."

Possível redução de imposto de importação. O ministro disse ainda que será analisado o preço de produtos no mercando internacional e comparado com o nacional. Se houver discrepância, a alíquota de importação pode ser reduzida.

A situação incomoda Lula. A reunião desta sexta é uma tentativa de encontrar medidas para baixar os preços e contou com ministros de áreas ligadas à agricultura e da ala política. A reunião durou cerca de quatro horas.

O problema não é novo. Em março do ano passado, o presidente convocou uma reunião pelo mesmo motivo. Na época, a inflação dos alimentos era vista como a causa da queda de popularidade de Lula.

O preço dos alimentos é algo importante a Lula, de olho na campanha de 2026. Ele se orgulha de ter tirado o Brasil do mapa da fome nos seus dois primeiros mandatos. A situação positiva não se manteve. Em 2022, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), pesquisas apontaram que 33 milhões de brasileiros passavam fome. O fato foi bastante explorado na corrida presidencial.

fc - Ricardo Stuckert/PR - Ricardo Stuckert/PR
Lula está preocupado com os reflexos do preço dos alimentos na sua popularidade
Imagem: Ricardo Stuckert/PR

Mudança de validade descartada

O governo descarta mudar o sistema de prazo de validade. Havia sugestão da Associação Brasileira de Supermercados em adotar o sistema "best before" (consumir preferencialmente antes de).

A justificativa dos donos de supermercado é que os produtos continuam seguros. Eles alegaram que as diferenças nos produtos seriam mudanças na textura e na aparência, mas sem colocar a saúde em risco.

A possibilidade de benefícios fiscais foi descartada pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda). Ele disse que subsídios ou qualquer medida que passe por renúncias fiscais são boataria e não têm chance de prosperar.

Trapalhada na comunicação

A situação dos alimentos voltou a revelar problemas de comunicação do governo. O ministro Rui Costa falou em intervenção durante a semana. A declaração teve repercussão bastante negativa.

Na sequência, a afirmação foi remendada. O ministro voltou atrás de disse que se tratava do estudo de medidas para baratear o preço, nada a ver com intervenção estatal.

Lula tem reclamado bastante da comunicação de seu governo. No começo do ano, ele trocou o responsável pela área. Colocou no lugar o marqueteiro de sua campanha em 2022, Sidônio Palmeira.

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