Fusão e falência: aéreas brasileiras têm histórias marcadas por turbulência

A companhia aérea Azul e a Abra Group, controladora da rival Gol, assinaram um acordo para a fusão entre as duas empresas. Se aprovada pela Anac e Cade e for definida a junção das duas empresas, essa união será mais um capítulo de mudanças nas companhias aéreas do Brasil. A nova empresa se juntaria a Latam e Voepass como as principais operadoras de voos no país.
Nas últimas décadas, mais de dez empresas aéreas já foram compradas ou foram à falência no Brasil. A própria Gol e Azul surgiram após adquirir outras empresas, Varig e Trip, respectivamente.
O que aconteceu com as empresas aéreas?
Varig
A empresa surgiu em 1927 e por muitos anos foi uma das líderes do mercado da aviação do país. Expandiu sua frota comprando outras empresas, como a Real Aerovias, Nordeste Linhas Aéreas e Rio-Sul. A crise financeira levou a Varig à recuperação judicial, com demissões em massa. Em 2007, a Gol adquiriu a empresa por US$ 320 milhões.
Tam
A Taxi Aéreo Marília foi fundada em 1961 por dez pilotos. Foi se expandindo e teve o auge da marca nos anos 90, com o famoso Fokker 100, avião que caiu em cima de casas após decolar de Congonhas, em 1996. Fez seu primeiro voo internacional apenas em 1998. A Tam fundiu-se à chilena Lan em 2016..
Vasp
Mais uma a enfrentar problemas financeiros. A empresa surgiu em 1933 e foi se expandindo até ter sua falência decretada em 2008, em uma dívida avaliada em R$ 5 bilhões. A decisão chegou a ser derrubada, mas foi confirmada pelo STJ em 2013.
Transbrasil
Fundada em 1955, a empresa encerrou as atividades em 2001. No ano seguinte, teve sua falência decretada. Foi envolvida em rumores de compra por parte da Avianca e da Oceanair, mas a negociação nunca se concretizou.
Avianca Brasil
A Avianca Brasil realizou seu último voo no dia 24 de maio de 2019, deixando de vez o mercado nacional. Foram cinco meses entre o pedido de recuperação judicial, feito em 10 dezembro de 2018, e o fim das decolagens.
Webjet
A empresa low cost chegou ao Brasil em 2004 e no ano seguinte fez seu primeiro voo. Mas viu a concorrência baixar os preços da passagem e foi vendida para a CVC em 2006. Em 2011, ela foi vendida novamente para a Gol por R$ 310 milhões.
Ita
A empresa aérea da Itapemirim foi fundada em 2020, mas durou apenas um ano. No fim de 2021, fez seu último voo. Em setembro de 2022, o grupo teve sua falência decretada.
Trip
As operações da empresa ocorreram entre 1999 e 2013, ano em que foi comprada pela Azul. Na época, a fusão fez com que a Azul ficasse com 15% do mercado aeroviário do Brasil.
Cruzeiro
Uma das primeiras companhias aéreas do Brasil, a Cruzeiro, que depois se chamaria Cruzeiro do Sul, chegou ao país em 1927 e ficou no mercado até 1975, quando foi adquirida pela Fundação Rubem Berta, dona da Varig. Para ter mais rotas, o nome foi mantido até 1993, quando foi totalmente absorvida.
Panair
Fundada em 1925, a Panair do Brasil encerrou suas operações em 1965, após um despacho do governo militar suspender suas rotas. Ela pertencia à norte-americana Pan Am. Sua falência foi pedida, em um caso raro, já que a empresa não entrou com o pedido e estava saudável economicamente. As linhas internacionais foram cedidas à Varig e domésticas e sul-americanas, à Cruzeiro do Sul. Em 2020, a empresa reativou sua marca, mas sem intenções de fazer parte da aviação.
Real Aerovias
Começou a voar em 1945 e foi comprando diversas companhias menores para crescer sua frota. No fim dos anos 50, competia com a Varig pelo mercado internacional. Anos mais tarde acabou sendo vendida para a própria Varig.