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No pior momento da pandemia, estados e capitais anunciam colapso na saúde

Tatiana Fortes/Governo do Ceará
Imagem: Tatiana Fortes/Governo do Ceará
do UOL

Leonardo Martins

Colaboração para o UOL, em São Paulo

25/02/2021 20h59

Um dia depois de o Brasil bater o recorde de 250 mil pessoas mortas pela covid-19, ao menos quatro estados anunciaram que o sistema de saúde entrou em colapso. Outras capitais já antecipam que o caos na saúde se aproxima.

Em Santa Catarina, o secretário de Saúde, André Motta, enviou um comunicado aos prefeitos e foi enfático logo na primeira frase: "Estamos entrando em colapso!".

Já o secretário de Saúde de Rondônia, Fernando Máximo, gravou um vídeo pedindo que se cumpram as medidas de isolamento social. "Meu recado é para você, que aglomera; que faz festinha; você que não está usando máscara: Nós não temos leito de UTI para sua mãe! Não tem leito de UTI para o seu pai, para sua tia, para seu filho, para sua namorada! Não temos leito para você!", afirmou.

Outros estados estão com ocupação de leitos acima de 90% e anunciam a preparação para uma guerra.

Hoje, a secretária de Saúde do Rio Grande do Sul, Arita Bergamann, emitiu orientações aos profissionais da saúde. "Usem toda a estrutura do hospital, usem o bloco de cirurgia, as salas de recuperações. Vamos criar ambientes para receber mais gente, tudo aquilo que for possível. Esgotamos inclusive a possibilidade de buscar qualquer outra alternativa para acolher as pessoas, especialmente nas UTIs", disse.

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), foi além. "A saúde vai colapsar e o Brasil entrará no caos em duas semanas", disse.

Cenário semelhante é encontrado no Rio Grande do Norte, que termina a semana com ao menos 12 hospitais com lotação máxima, segundo a secretaria Estadual de Saúde Pública.

Algumas capitais já acenderam o alerta vermelho. A Prefeitura de Salvador anunciou que as UPAs (Unidades de Pronto-Atendimento) estão em estágio de "pré-colapso".

Em Curitiba, no Paraná, a Secretaria de Saúde fala em "avalanche de casos" e prepara a cidade para o pior. O mesmo acontece em Fortaleza, no Ceará, onde 97% dos leitos voltados para tratamento da covid-19 estão ocupados.

Mortes e casos em alta

Os números da pandemia estão alarmantes depois do Carnaval. Impactada pela nova variante brasileira, que é mais transmissível, a média de mortes atingiu o maior pico da pandemia, com 1.129 óbitos. Há 35 dias, o índice aponta que ao menos mil pessoas morrem após serem contaminadas.

Vários países tiveram quedas nos índices no começo deste ano, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). Mas o Brasil segue o caminho exatamente oposto.

Em Manaus, no mês de janeiro, pacientes morreram asfixiados, sem oxigênio, que estavam em falta nos hospitais. Na semana passada, Araraquara, no interior de São Paulo, decretou um lockdown em meio ao colapso no sistema de saúde. Locais como Uberlândia e Paraíba anunciaram toque de recolher.

Hoje, o ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, reconheceu a piora na pandemia e disse que a contaminação está três vezes maior.

A única saída para encerrar a pandemia é a vacina, mas a campanha brasileira acontece a conta-gotas. Algumas cidades só devem voltar a vacinar neste final de semana, após uma semana de pausa na imunização por falta de doses.

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