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Pertinência da obra de Paulo Freire se estende à educação socioambiental, diz brasileiro radicado em Portugal

23/01/2021 10h57

O coletivo Paulo Freire de Portugal inicia neste fim de semana uma série de ações que vão culminar com a comemoração do centenário de nascimento do grande educador, pedagogo e filósofo brasileiro nascido em Recife, em 19 de setembro de 1921. O paraense Eddie Motta, radicado em Lisboa há 20 anos, é um dos coordenadores do coletivo e falou à RFI sobre seus trabalhos com arte e educação. 

Eddie Motta, arquiteto e urbanista, veio para Portugal em 2001 com um projeto de pesquisa em história da arte baseado na cartografia portuguesa antiga da Amazônia. "Acabei me instalando e dei continuidade a projetos ligados sobretudo à arte e educação", recorda. Admirador de Paulo Freire, ele acredita que a obra do pernambucano, criador de um método inovador de ensino da alfabetização para adultos, é da maior pertinência na atualidade. Ao lado da colega brasileira Mabel Cavalcanti e do professor Everaldo Santos, o grupo planeja a programação.

"Temos um conjunto de ações voltadas a promover a educação de qualidade. Para o centenário, nos demos como missão a promoção de debates, a constituição de grupos de estudo sobre a metodologia de Paulo Freire, cursos de formação e a divulgação da obra dele, com a publicação de uma antologia", explica.

"A obra de Paulo Freire é extremamente pertinente na atualidade, se levarmos em consideração os próprios objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU e, no contexto de nossa missão específica, que é de assegurar uma educação inclusiva, equitativa, de qualidade, com oportunidades de aprendizado a todos ao longo da vida", afirma.

O educador pernambucano defendia a necessidade de uma educação crítica do mundo. "Há um tema que perpassa toda a obra de Freire, que é a educação para a liberdade. Toda a metodologia, o processo técnico da pedagogia dele passa pelo descobrimento de um universo vocabular que diz respeito à realidade do universo daquele que aprende", destaca.

"Ele nos ajuda tecnicamente, socialmente e até numa fronteira para onde está sendo alargada, hoje, que é a educação socioambiental", acrescenta. "Pensar o homem na sua integralidade, também na integralidade do mundo em que ele vive é mais pertinente do que nunca", ressalta Motta.    

O coletivo tem uma página no Facebook para os interessados seguirem a programação e assistir as lives de especialistas. Neste sábado, os professores Everaldo Santos (Brasil) e Joaquim Meiro (Portugal) participarão de uma roda de conversa às 20h de Portugal (17h em Brasília), em comemoração ao Dia Internacional da Educação, celebrado em 24 de janeiro. O tema será "O cidadão do mundo e a educação de qualidade".

Arte e educação socioambiental

Motta trocou Belém por Lisboa há duas décadas, mas trouxe a Amazônia com ele e interage para preservar e valorizar a floresta, sobretudo por meio da arte. O brasileiro promove exposições e outras atividades culturais ligadas à questão ambiental, por intermédio de sua empresa de mediação M5.

"Eu faço a mediação de arte, o que significa criar meios de acesso à arte não só para sua apreciação enquanto objeto de cultura, mas também como um objeto que está dentro de um universo de relações sociais e econômicas precisas. Sempre tenho a preocupação de valorizar os artistas que têm menos projeção, ou seja, chamar para nosso campo de trabalho essa tarefa de promoção do novo pertinente, do novo que diz algo para a realidade em que a gente se encontra. (...) Como tenho um mestrado em estudos amazônicos pela Universidade Federal do Pará, faço convergir essa preocupação na promoção de artistas com trabalhos nessa área", conclui.

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