Na Câmara de São Paulo, Bruno Covas terá oposição fortalecida
Mas, se as urnas deram mais poder aos representantes da esquerda na Casa, os partidos aliados formalmente a Covas, incluindo o PSDB, conseguiram eleger 25 dos 55 representantes, número muito próximo do quórum necessário para a aprovação da maioria dos projetos, que é de 28. Assim como os petistas, os tucanos alcançaram oito cadeiras e devem, mais uma vez, influenciar na escolha do próximo presidente.
Com o apoio de Covas e do vice eleito em sua chapa, Ricardo Nunes (MDB) - além do respaldo do governador João Doria (PSDB) -, o nome da base para o cargo deve ser o de Milton Leite (DEM), segundo vereador mais votado, com 132 mil votos.
Chamado pelos colegas de "primeiro-ministro", tamanha sua influência na Prefeitura, Leite tentará repetir a dobradinha da atual legislatura, quando ocupou a presidência nos dois primeiros anos e depois avalizou um nome do PSDB. Desde o ano passado, o presidente é o tucano Eduardo Tuma.
Com o apoio de partidos que tiveram candidaturas próprias, mas que estiveram com o prefeito no segundo turno - caso do Republicanos, de Celso Russomanno, e do PSD, de Andrea Matarazzo -, a tendência é que Leite seja eleito e Covas possa ampliar ainda mais sua base.
Em matérias mais importantes, como uma revisão do Plano Diretor, é preciso ter quórum qualificado, ou 60% dos votos do plenário. Republicanos e PSD terão sete vereadores a partir do ano que vem e podem ser decisivos em projetos desse tipo.
A lista se completa com o PSL, de Joice Hasselmann, o Novo e o Patriota, que teve como candidato Arthur do Val. Ele não declarou apoio a Covas na reta final da campanha. A expectativa, no entanto, é que, mesmo sem compor oficialmente a base, as três siglas possam se aliar ao governo a depender do tema que estiver em pauta.
Para o vereador Aurélio Nomura (PSDB), que foi líder da gestão Doria na Câmara, a base pode ter problemas só mesmo quando a matéria exigir voto qualificado. "Sabemos que teremos mais dificuldade nas aprovações por causa de procedimentos do regimento (que permitem que a oposição atrase uma votação), mas quem tem voto precisa ter paciência", disse.
Reforço
Na análise do vereador Police Neto (PSD), que após cinco mandatos consecutivos não foi reeleito, a oposição pode, desta vez, impor dificuldades ao prefeito, após anos de alinhamento entre Legislativo e Executivo em São Paulo - além de Covas e Doria, os ex-prefeitos Fernando Haddad (PT) e Gilberto Kassab (PSD) conseguiram formar maioria para aprovar seus projetos de maior relevância.
"Bruno Covas terá enormes dificuldades. Pela primeira vez, em muito anos, não teremos uma maioria consolidada antes da posse do prefeito e respectivos vereadores. Esse debate democrático é bom para a cidade. Tende a qualificar os diálogos e intensificar a participação da sociedade. Todos ganham, inclusive o prefeito", afirmou Police.
Apesar de já ter obtido vitórias relevantes na Câmara, como a aprovação das reformas previdenciária e administrativa, Covas tem uma fila de projetos aguardando por votação na Casa. Algumas das apontadas como prioritárias pela Prefeitura são as propostas de requalificação urbanística de regiões específicas da cidade, como o centro e o bairro da Vila Leopoldina, na zona oeste.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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