Mais de meio milhão votam nas primárias pró-democracia em Hong Kong
Em dois dias de votação, residentes do território semiautônomo formaram longas filas nos mais de 250 colégios eleitorais, sob o intenso calor do verão na região. Segundo os organizadores, mais de 610 mil pessoas votaram, incluindo 590 mil votos digitais e 21 mil em papel.
Maior do que se esperava, a alta participação na votação, organizada pelo grupo Power for Democracy (poder à democracia), ocorreu apesar dos avisos das autoridades de que os eleitores corriam o risco de violar a lei de segurança nacional recém-imposta pela China.
"Quanto mais oprimido é o povo de Hong Kong, mais ele resiste", disse o ativista pró-democracia Benny Tai, professor de direito e um dos organizadores das primárias. Ele saudou todos aqueles que compareceram às urnas, apesar das preocupações com a violação da nova lei.
"Sob a nuvem da lei de segurança nacional, 600 mil pessoas votaram – é aqui que podemos ver a coragem do povo de Hong Kong", afirmou, por sua vez, o ex-parlamentar e também organizador das primárias Au Nok-hin.
Antes da abertura das urnas, o ativista pró-democracia Joshua Wong havia dito que as primárias são a primeira chance de mostrar a Pequim que os residentes de Hong Kong "nunca se curvam à China". "Instamos o mundo a colocar Hong Kong sob os holofotes globais."
Os candidatos escolhidos para concorrer ao Conselho Legislativo de Hong Kong, parlamento composto de 70 membros, devem ser anunciados nesta segunda-feira. Nas eleições em setembro, os candidatos pró-democracia esperam garantir uma maioria de mais de 35 cadeiras, o que daria ao grupo mais poder para vetar legislações pró-establishment.
A lei de segurança nacional foi aprovada em 30 de junho pelo governo central da China, a fim de combater o que Pequim considera atividades "subversivas e secessionistas" em Hong Kong. No dia seguinte, mais de 300 pessoas foram presas sob a nova lei.
A legislação prevê punições severas, incluindo prisão perpétua, para quatro tipos de condutas contra a segurança do Estado: atividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras que ponham em risco a segurança nacional.
Na última quinta-feira, o secretário de Assuntos Constitucionais e do Continente de Hong Kong, Erick Tsang, havia alertado que quem "organizar, planejar e participar" das primárias pode estar cometendo crimes de acordo com a nova lei, segundo entrevistas dadas a um grupo seleto de jornais pró-Pequim.
Na noite de sexta-feira, a polícia chegou a invadir o escritório do Instituto de Pesquisa de Opinião Pública (Pori, na sigla em inglês), um importante órgão de pesquisas que estava ajudando o grupo pró-democracia a conduzir as primárias.
A polícia alegou que estava respondendo a uma denúncia de que os computadores do instituto haviam sido invadidos, resultando em um vazamento ilegal de informações pessoais. A busca levantou preocupações sobre as primárias, mas o presidente do Pori, Robert Chung, disse que o sistema de votação era seguro e que sua operação era legal e transparente.
Hong Kong regressou à China em 1997 sob um acordo que garantia ao território 50 anos de autonomia e liberdades que não são aplicadas no resto da China, sob um mecanismo de "um país, dois sistemas", mas a nova lei vem sendo encarada por críticos como um evento que efetivamente marca o fim das garantias especiais ao território.
EK/afp/ap/lusa/rtr/ots
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