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Coronavírus: Últimas notícias e o que sabemos até esta quarta-feira (3)

O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, e o governador do Amazonas, Wilson Lima - Reprodução/Twitter
O ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, e o governador do Amazonas, Wilson Lima Imagem: Reprodução/Twitter
do UOL

Do UOL, em São Paulo*

03/06/2020 13h57Atualizada em 03/06/2020 22h25

Depois de alegar um "problema técnico", o Ministério da Saúde divulgou o novo recorde de mortes confirmadas por coronavírus em um período de 24 horas. Foram 1.349 novos óbitos registrados em todo o país, elevando o total de mortos para 32.548. O registro diário de hoje foi equivalente a quase uma morte por minuto no Brasil.

Os novos casos foram 28.633 no mesmo período. Segundo os dados do ministério, que saíram com mais de três horas de atraso, hoje o país já tem mais de 312 mil registros da covid-19. O total de pacientes recuperados é de 238.617.

Como foi o dia

Um dia depois de o Brasil ter superado a marca de 30 mil mortes provocadas por infecção pelo novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deu uma indicação que não deve mexer no ministério da Saúde tão cedo. Um decreto publicado hoje no Diário Oficial da União oficializou Eduardo Pazuello como ministro interino, exonerando o general do cargo anterior na pasta, o de secretário executivo.

A confirmação de Pazuello no posto ocorre 19 dias depois da saída do então ministro, Nelson Teich, do governo. Durante a pandemia, outra troca foi promovida no comando da pasta, com a saída de Luiz Henrique Mandetta. Na prática, o general já estava no comando da Saúde desde o dia 15 de maio e, nas palavras do presidente Bolsonaro, "vai ficar por muito tempo" no cargo, apesar da denominação de interino.

Pazuello tem lidado neste período com um aumento no número de casos e mortes por covid-19. Ontem, o boletim do Ministério da Saúde tinha apresentado o registro de 1.262 em 24 horas, elevando o total de mortos a 31.199. Já o número de casos totalizava 555.383 em todo o território, o que torna o Brasil o epicentro da doença no mundo.

Mesmo com este cenário, muitos estados e cidades brasileiras começam a colocar, gradualmente, o plano de reabertura em prática, o que tem gerado preocupação de especialistas. É o caso de Domingos Alves, especialista em modelagem computacional e integrante do portal Covid-19 Brasil, que reúne cientistas e estudantes de universidades brasileiras.

Em entrevista ao jornal O Globo, o cientista alertou que os estados do Rio de Janeiro, de São Paulo e Amazonas "terão um massacre" com as regras de relaxamento social. Ele se baseou em um estudo com cientistas de universidades de São Paulo que estima que as cidades brasileiras que reduziram o distanciamento social nesta semana podem ter um aumento de 150% no número de infectados e mortos pelo novo coronavírus em dez dias.

"Não estamos falando do que vai ocorrer dentro de um ou dois meses, mas de uma semana a dez dias. Até agora, temos acertado nossas projeções e, por isso, estamos tão preocupados. É nosso dever alertar a população de que ela foi liberada para ir ao abatedouro", afirma Alves.

Reabertura em SP com críticas

Um dos estados que anunciou um plano de retomada, São Paulo tem sofrido críticas por seu programa. Uma reportagem do UOL publicada hoje mostrou que a reabertura de comércios na capital paulista não está acontecendo na velocidade que os empresários gostariam. São Paulo já registrou mais de 8 mil mortes por covid-19.

Segundo as diretrizes do Governo estadual, cabe ao município organizar a reabertura, e até agora não há uma definição de como será o processo. Somente ontem ocorreu uma reunião para alinhar o fluxo das propostas que começaram a ser entregues na segunda-feira pelas entidades que representam os setores de comércio e serviço.

O vice-presidente da FecomercioSP, Ivo Dall'acqua, afirmou que o tempo gasto pela Prefeitura para tomar uma decisão não é razoável e criticou alguns pedidos, como o pedido para testar os funcionários.

"Apresentamos nossas sugestões, mas não estamos conformados com exigências como esta da testagem. Pega microempresário que mal está conseguindo pagar salário, e precisa desembolsar R$ 300 por funcionário. É muita coisa", ponderou.

Já o presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Alfredo Cotait, reclamou do trabalho de comunicação do município. Ele disse ainda que é preciso reabrir, mesmo com restrições, para saber como será o comportamento do consumidor e, assim, poder planejar o novo normal.

"Precisamos começar. O mais importante que a gente defende é o início da retomada. Não importa se vai ter restrições adicionais. Importante é o início, é aquilo que estamos precisando para entender melhor como vai ser a rotina daqui para frente. Entender a mudança de hábito do consumidor. Precisa começar para podermos programar e planejar."

Escolas no Rio fechadas até 3 de julho

Com um programa de reabertura em prática desde ontem, a prefeitura do Rio de Janeiro decidiu manter as escolas municipais fechadas por mais um mês. A decisão veio em uma edição extra do Diário Oficial.

A previsão é de que as escolas possam ser reabertas em 3 de julho. Isso porque a retomada das atividades na educação está planejada para a terceira fase do plano da prefeitura. A princípio, cada fase terá duração de 15 dias. No entanto, caso a epidemia volte a se agravar na capital, as fases poderão ser estendidas.

Quando a reabertura das escolas for iniciada, a prefeitura ainda prevê uma série de restrições. Primeiro, voltarão a funcionar as creches municipais para crianças a partir de dois anos, mas somente com comprovação de que os pais estejam trabalhando. Também retomarão as atividades as escolas públicas e privadas do 5º ao 9º anos, mas com sistema de rodízio para evitar aglomerações.

Por outro lado, o MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) pediu a aplicação de uma multa pessoal no valor de R$ 50 mil ao prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) por descumprimento de ordem judicial sobre políticas de flexibilização do isolamento social na capital fluminense.

De acordo com os procuradores da força-tarefa que cuida da fiscalização das ações de enfrentamento à pandemia do novo coronavírus no RJ e da 7ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Capital, o prefeito não cumpriu uma decisão da Justiça que mandava a administração municipal não editar novos atos administrativos em desacordo com as legislações federal e estadual em temas sobre a covid-19.

No plano Estadual, o Rio de Janeiro sofrerá uma intervenção nos hospitais de campanha depois que o governador Wilson Witzel (PSC) determinou que a secretaria de Saúde assuma a gestão de sete unidades que estavam sendo administrados pelo Iabas (Instituto de Atenção Básico à Saúde).

A decisão foi motivada por atrasos nas obras e deficiência na gestão de hospitais de campanha. No decreto, o governo classifica a situação como "fatos graves".

Suécia apura estratégia criticada

Um dos países que optou por uma estratégia menos restritiva para enfrentar a epidemia do novo coronavírus, a Suécia vai abrir uma espécie de 'CPI da covid' para averiguar a resposta à pandemia. Segundo o epidemiologista Anders Tegnell, que elaborou a controversa estratégia de saúde pública sueca na crise sanitária, houve falhas.

"Se encontrássemos a mesma doença novamente, sabendo exatamente o que sabemos hoje, acredito que iríamos optar por alguma coisa entre o que a Suécia fez e o que o resto do mundo fez", disse o chefe da Agência de Saúde Pública do país a uma rádio local, em fala repercutida pelo jornal britânico The Guardian.

Ao contrário dos demais países europeus, a Suécia optou por um enfrentamento mais brando contra a Covid-19, mantendo bares, escolas para menores de 16 anos e comércio em geral abertos, confiando na população para adotar medidas de distanciamento social adequadas.

A comparação com os índices dos seus vizinhos nórdicos causa crítica à Suécia. Enquanto o país tem 449 mortes por milhão, a Noruega tem 45, a Finlândia tem 58 e a Dinamarca tem 100 - os três adotaram medidas de lockdown. Em números totais, até esta quarta-feira, a Suécia contabiliza 4.468 mortes por coronavírus, contra 580 na Dinamarca, 320 na Finlândia e 237 na Noruega, conforme dados da Universidade Jonhs Hopkins.

China nega ter atrasado informações

A China negou hoje que tenha demorado a passar informações relevantes no início da pandemia do novo coronavírus para a Organização Mundial da Saúde (OMS), conforme uma matéria da agência de notícias Associated Press revelou.

"Não sei de onde vem esses 'documentos internos', mas as histórias publicadas são completamente inconsistentes em relação aos fatos", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Zhao Lijian, aos jornalistas em sua coletiva diária.

Segundo a matéria da AP, especialistas da OMS se queixaram em documentos internos de que Pequim estava demorando para repassar as informações sobre a covid-19 ainda em janeiro deste ano. Entre os dados que não foram passados rapidamente, estava o genoma do novo vírus, o que provocou um atraso na busca por uma cura ou por vacinas para combater a doença.

OMS retoma testes com hidroxicloroquina

Conforme noticiado pelo colunista do UOL Jamil Chade, a OMS voltou a permitir que a hidroxicloroquina seja autorizada a ser testada em seus programas pelo mundo. Os testes tinham sido suspensos na semana passada para que os dados de segurança fossem avaliados.

A decisão havia sido tomada depois que um estudo publicado na revista científica The Lancet alertou sobre os riscos do remédio. Com base nos dados de mortalidade, a agência indicou que não haveria motivo para interromper os testes.

Isso não significa, porém, que a OMS esteja recomendando o uso do remédio. Para isso, as evidências ainda terão de ser apresentadas. Segundo a agência, não existem provas ou evidências de que o tratamento reduza a mortalidade do vírus. Michael Ryan.

Despedida

O radialista e apresentador Germano Raw Neto, mais conhecido pelo nome artístico Jimy Raw, morreu aos 58 anos, vítima do novo coronavírus. A notícia foi confirmada por Andrea Raw, sobrinha dele, no Facebook.

O apresentador ficou conhecido por sua participação no programa musical "Globo de Ouro", da TV Globo, no fim dos anos 1980. Também trabalhou na Rádio Tupi, na 98 FM e na Antena 1.

*Com informações das agências AFP, Ansa, Estadão Conteúdo e RFI.

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