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1ª paciente do DF está há 21 dias na UTI; marido tem alta do isolamento

Pacientes e funcionários se protegem com máscara em hospital de Brasília - Kleyton Amorim/UOL
Pacientes e funcionários se protegem com máscara em hospital de Brasília Imagem: Kleyton Amorim/UOL
do UOL

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

26/03/2020 20h46Atualizada em 26/03/2020 20h46

Resumo da notícia

  • Advogada de 52 anos está internada em estado grave e respira com ajuda de aparelho
  • Marido dela chegou a ser alvo de ação do governo que o obrigava a fazer o exame
  • Também com covid-19, mas sem sintomas, ele permaneceu confinado em casa por 14 dias
  • O empresário não poderá visitar a esposa no hospital, conforme determinação do governo do DF
  • Captial federal tem 200 casos da doença, segundo o Ministério da Saúde

Passadas três semanas desde que foi confirmado o primeiro resultado positivo para covid-19 no Distrito Federal, a paciente, uma advogada de 52 anos, continua internada em estado grave na UTI do HRAN (Hospital Regional da Asa Norte), unidade de referência para o coronavírus no sistema público de saúde na capital federal.

Ela e o marido, um empresário de 45 anos, contraíram o novo vírus provavelmente em viagem a Suíça e ao Reino Unido, onde estiveram entre os dias 25 de fevereiro e 2 de março. Ele ficou em isolamento em casa.

A paciente foi primeiramente atendida num hospital particular de Brasília, no dia 4 de março, onde ficou internada. No dia 6, com o agravamento do caso e um primeiro exame positivo para o vírus, ela foi transferida para o HRAN, onde respira com a ajuda de aparelhos.

Ela teve um primeiro resultado positivo para o vírus no dia 5 e fez um segundo exame de contraprova cujo resultado foi divulgado no dia 7, se tornando o primeiro paciente confirmado com o vírus no Distrito Federal.

O marido da advogada foi submetido ao teste após a confirmação da esposa. O resultado foi divulgado no último dia 11, confirmando que ele se tornou o segundo caso de infecção pelo coronavírus no DF.

Liberado do isolamento após 14 dias

Diferentemente da esposa, o empresário não apresentada sintomas da doença quando fez o teste. Mesmo assim, ele foi submetido à recomendação das autoridades de saúde de permanecer em isolamento domiciliar por 14 dias.

O período de isolamento se encerrou nesta segunda-feira (23) e laudos médicos atestaram que ele não apresenta sintomas e pode voltar ao contato social. Apesar disso, ele não poderá visitar a esposa no hospital, pois um normativo do Governo do Distrito Federal proíbe pacientes confirmados com o vírus que estejam internados de receber visitas.

O caso do empresário se notabilizou pela ação do governo na Justiça para que ele fosse obrigado a fazer os exames para detecção do vírus e se mantivesse em isolamento. O empresário diz nunca ter se recusado a tais medidas e diz ter cumprido as orientações antes mesmo de a decisão judicial contra ele ter sido emitida.

O protocolo da Secretaria de Saúde do Distrito Federal não exige que pacientes com sintomas leves, ou sem sintomas, sejam submetidos a um segundo teste ao fim do período de 14 dias de isolamento. Se estiverem bem de saúde, eles são considerados curados.

Hoje, há no Distrito Federal há 199 casos confirmados da doença, segundo o governo do DF (200, de acordo com o Ministério da Saúde) — um deles é contabilizado como recuperado.

Além do empresário que foi o segundo caso confirmado do DF, também uma advogada de Brasília divulgou recentemente ter se recuperado do coronavírus. Daniela Teixeira afirmou ter sido infectada provavelmente no dia 6 de março, num evento jurídico. Após o período de isolamento em casa ela repetiu o teste laboratorial e o resultado deu negativo para o vírus.

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal não explicou porque só considera que há um paciente recuperado da doença no DF e também não informou qual a identidade do caso recuperado que entrou para a estatística oficial.

A infectologista Eliana Bicudo afirma que não há necessidade de repetir o exame em pacientes com sintomas leves, ou sem sintomas, ao fim dos 14 dias, porque estudos mostram que nesses casos o sistema imunológico do corpo atuou bem e não há mais sinais do vírus no organismo. Consequentemente, esses pacientes não têm a capacidade de transmitir o vírus para mais ninguém depois de recuperados.

"Não precisa fazer exames de controle em quem teve uma gripe e o exame deu positivo, ou em pessoas que eram assintomáticas, porque a resposta imunológica delas já foi boa desde o começo", afirma a médica.

"O que a gente sabe hoje é que o vírus realmente clareia em 14 dias", diz Eliana, usando o termo técnico usado para indicar que não é mais possível detectar o vírus no organismo do paciente.

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