Bolsonaro demite secretário que copiou ministro nazista
"Comunico o desligamento de Roberto Alvim da Secretaria de Cultura do Governo. Um pronunciamento infeliz, ainda que tenha se desculpado, tornou insustentável a sua permanência. Reitero nosso repúdio às ideologias totalitárias e genocidas, como o nazismo e o comunismo, bem como qualquer tipo de ilação às mesmas. Manifestamos também nosso total e irrestrito apoio à comunidade judaica, da qual somos amigos e compartilhamos muitos valores em comum", diz a nota.
O pronunciamento de Alvim havia sido criticado pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, do Senado, Davi Alcolumbre, e do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e até pelo guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho.
O vídeo em questão foi publicado para apresentar o "Prêmio Nacional das Artes", que financiará projetos culturais em sete categorias diferentes, de óperas a histórias em quadrinhos.
Em determinado trecho da gravação, Alvim diz: "A arte nacional da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo, ou então não será nada".
As frases são semelhantes a um discurso feito por Goebbels, o grande ideólogo da propaganda nazista, para diretores teatrais em Berlim, em 1933.
"A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional, com grande páthos, e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada", disse Goebbels na ocasião.
O trecho está em uma biografia escrita pelo historiador alemão Peter Longerich e publicada no Brasil em 2014, pela editora Objetiva. O restante do discurso de Alvim é marcado pela retórica nacionalista e pela defesa de uma cultura baseada na "pátria", na "família", na "coragem do povo" e em sua "profunda ligação com Deus".
"As virtudes da fé, da lealdade, do autossacrifício e da luta contra o mal serão alçadas ao território sagrado das obras de arte", acrescentou o agora ex-secretário. Em seu perfil no Facebook, Alvim disse que houve apenas uma "coincidência retórica" entre seu pronunciamento e o discurso de Goebbels.
"Todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a arte brasileira, e houve uma coincidência com uma frase de um discurso de Goebbels... Não o citei e jamais o faria", justificou, acrescentando que a "frase em si é perfeita".
Mais tarde, ele culpou "assessores" pela menção a Goebbels e pediu desculpas à comunidade judaica, mas não foi suficiente para evitar a queda. Em sua nota oficial, Bolsonaro não faz menção ao plano de Alvim de uniformizar a arte sob a bandeira do nacionalismo. (ANSA)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.