EUA apoiam direito de Israel a assentamentos judaicos na Cisjordânia e deixa palestinos indignados
Por Arshad Mohammed e Matt Spetalnick
WASHINGTON (Reuters) - Os Estados Unidos apoiaram nesta segunda-feira de maneira efetiva o direito de Israel de construir assentamentos judaicos na Cisjordânia ocupada, abandonando a posição, que durava quatro décadas, de que eles eram "inconsistentes com a lei internacional".
O anúncio do Secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, representou uma vitória para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que encontra dificuldades para permanecer no poder após duas eleições inconclusivas em Israel neste ano, e uma derrota para os palestinos.
Pompeo disse que as declarações sobre os assentamentos na Cisjordânia, capturada por Israel em 1967, têm sido inconsistentes, dizendo que o ex-presidente democrata Jimmy Carter os via como não condizentes com as leis internacionais, mas que o ex-presidente republicano Ronald Reagan não os considerava inerentemente ilegais.
"O estabelecimento de assentamentos civis israelenses não é, em si, inconsistente com as leis internacionais", disse Pompeo a jornalistas no Departamento de Estado, revertendo uma posição legal formal tomada pelos Estados Unidos no governo Carter em 1978.
O anúncio foi celebrado imediatamente por Netanyahu, e condenado por autoridades palestinas.
Um alerta oficial do governo dos EUA foi feito aos norte-americanos na região pedindo maior atenção por conta da possibilidade de que aqueles que se opõe à medida "possam atuar contra instalações governamentais, interesses privados e cidadãos dos Estados Unidos".
Netanyahu disse que a decisão dos Estados Unidos "corrige um erro histórico" e pediu que outros países adotem uma postura semelhante. Os palestinos, no entanto, expressaram indignação.
"Os Estados Unidos não estão aptos nem autorizados a negar a resoluções de legitimidade internacional e não têm o direito de garantir legitimidade a assentamentos israelenses", disse Nabil Abu Rudeineh, um porta-voz do presidente palestino Mahmoud Abbas, em nota.
O negociador-chefe palestino, Saeb Erekat, disse que o governo Trump está ameaçando "substituir as leis internacionais pela 'lei da selva'".
O ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, disse que a mudança de diretriz dos Estados Unidos teria "consequências desastrosas" para as perspectivas de retomada das negociações de paz e classificou os assentamentos "uma violação flagrante da lei internacional e de resoluções do Conselho de Segurança da ONU".
Pompeo disse que a medida não tinha intenção de pré-julgar o status da Cisjordânia, que é vista pelos palestinos como parte de um eventual Estado palestino que possa ser criado como parte de uma resolução mais ampla do conflito entre Israel e Palestina.
"Isso é para os israelenses e palestinos negociarem", disse, afirmando que a decisão dos Estados Unidos não visava "influenciar um resultado particular ou criar qualquer obstáculo legal para uma resolução negociada".
Como muitas das medidas pró-Israel do governo Trump, o anúncio de Pompeo sobre os assentamentos deve ter um apelo aos cristãos evangélicos, parte importante da base eleitoral de Trump, com a qual o atual presidente conta na campanha para a reeleição em 2020.
(Reportagem adicional de Humeyra Pamuk, Steve Holland, Jonathan Landay, Lisa Lambert e Matt Spetalnick em Washington; Stephen Farrell e Ari Rabinovitch em Jerusalém; Nidal al-Mughrabi em Gaza; Ali Sawafta em Ramallah; e Suleiman Al-Khalidi em Amã)
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