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Bangladesh se diz pronto para iniciar repatriação de rohingyas a Mianmar

19/08/2019 14h13

Daca, 19 ago (EFE).- As autoridades de Bangladesh afirmaram nesta segunda-feira que estão prontas para iniciar em 22 de agosto a repatriação de cerca de 3,5 mil rohingyas à Mianmar, como parte de um programa para o retorno dos mais de 738 mil membros desta minoria étnica que fugiram ao país vizinho há dois anos para escapar da violência.

"O nosso acampamento de passagem, os serviços de transporte e as medidas de segurança, tudo está praticamente completo", afirmou à Agência Efe o comissário de Bangladesh para a Ajuda aos Refugiados, Abul Kalam, encarregado da repatriação.

"Amanhã começará o processo de entrevistas e estamos trabalhando dia e noite (...) Também decidimos a rota, que será majoritariamente terrestre. Se tudo correr bem, a repatriação começará em 22 de agosto", afirmou Kalam.

Segundo a fonte, 3.450 membros dessa minoria muçulmana receberam o sinal verde da Mianmar e serão repatriados a partir de quinta-feira.

Trata-se da primeira fase do programa e esses primeiros nomes fazem parte de uma lista de 22.432 pessoas que o governo de Bangladesh compartilhou com o país vizinho em outubro do ano passado.

O porta-voz da Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) em Bangladesh, Joseph Surjamoni Tripura, disse à Agência Efe que presta apoio ao Executivo de Daca.

"Em apoio ao Governo de Bangladesh, começamos a compartilhar informações com todos os refugiados através dos acampamentos e informar aos refugiados que receberam a sinal verde para voltar", explicou Tripura.

O Executivo da Mianmar havia proposto a data de 22 de agosto e até agora Bangladesh não tinha respondido ao pedido.

Trata-se da segunda tentativa de repatriar os rohingyas desde Bangladesh, depois que em novembro do ano passado fracassou uma primeira tentativa porque nenhum membro da minoria quis retornar.

O êxodo dos rohingyas começou em 25 de agosto de 2017, quando um grupo rebelde desta comunidade minoritária lançou uma série de ataques contra postos governamentais na região de Rakain, no oeste da Mianmar, o que provocou uma desproporcional resposta do Exército birmanês contra este grupo.

Cerca de 738 mil rohingyas fugiram a Bangladesh e permaneceram desde então em campos de refugiados.

Os ataques, acompanhados de denúncias de massacres e estupros, foram qualificados pelo Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU de "limpeza étnica de manual" com indícios de "genocídio".

Mianmar não reconhece a nacionalidade dos rohingyas, que são considerados imigrantes de Bangladesh e foram submetidos a todos os tipos de discriminações. EFE

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