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Câmara dos EUA aprova moção de repúdio a Trump por comentários racistas

16/07/2019 21h12

Presidente lançou ataques pelo Twitter contra grupo de deputadas democratas de origem africana, árabe e latina. Quatro deputados republicanos apoiaram texto que condenou atitude. Deputados da Câmara dos Estados Unidos aprovaram nesta terça-feira (16/07) uma moção de repúdio a Donald Trump por causa de uma série comentários racistas que o presidente fez no domingo peloTwitter contra um grupo de congressistas democratas.

"A Câmara de Representantes condena energicamente os comentários racistas do presidente Donald Trump, que tem legitimado e incrementado o medo e o ódio contra novos americanos e contra as pessoas de cor", diz o texto.

Quatro republicanos se juntaram aos 235 deputados democratas da Câmara para aprovar a moção. Um independente também votou a favor.

A aprovação da condenação era esperada, já que os democratas têm a maioria na Câmara. O voto tem apenas valor simbólico. É improvável que uma medida similar venha a ser aprovada no Senado, onde os republicanos detém a maioria.

Mais cedo, Trump afirmou que não considera que seus tuítes tenham sido racistas que fez no domingo. "Esses tuites NÃO foram racistas. Eu não tenho um só osso racista no meu corpo!", escreveu. O presidente também criticou a iniciativa democrata de propor a moção de repúdio.



?"O que eles chamaram de votação é uma farsa. Os republicanos não devem mostrar 'fraqueza' ou cair em sua armadilha", escreveu.

O alvo de Trump no último domingo havia sido um grupo de quatro democratas, cujas origens remetem a nações cujos governos, segundo afirmou, seriam "os piores, os mais corruptos e ineptos em qualquer parte do mundo". Ele ainda disse que elas deveriam voltar a esses países.

"Por que elas não voltam e ajudam a consertar esses lugares totalmente quebrados e infestados de crime de onde vieram? Depois, retornem e nos digam como deve ser feito. Esses lugares precisam muito da ajuda de vocês", escreveu Trump. Ele ainda acrescentou que a líder democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, "ficaria contente em providenciar rapidamente viagens gratuitas" para as congressistas.

Trump se referiu a "congressistas democratas progressistas", em aparente referência a um grupo bastante ativo de congressistas jovens estreantes na atual legislatura da Câmara dos Representantes. Entre elas estão Alexandria Ocasio-Cortez, eleita por Nova York, Ilhan Omar, de Minnesota, Rashida Tlaib, do Michigan, e Ayanna Pressley, de Massachusetts.

O presidente não identificou as congressistas pelo nome, mas outro tuíte de sua autoria, afirmando que as congressistas "odeiam Israel com uma paixão sem limites", parecem fazer referência a Omar e Tlaib, que recentemente se envolveram em algumas controvérsias relacionadas ao tradicional aliado dos EUA.

Tlaib, nascida em Detroit, é descendente de palestinos. Já Omar chegou aos EUA como refugiada ainda quando criança, após sua família fugir de conflitos na Somália. Ela é a primeira mulher negra muçulmana a se eleger para o Congresso americano. Ocasio-Cortez, nascida em Nova York, é descendente de porto-riquenhos, e Pressley, de Cincinnati, é a primeira afro-americana a ser eleita por Massachusetts.

Apesar das críticas, Trump redobrou seu ataque às congressistas nesta segunda-feira, acusando-as de "odiar" os Estados Unidos. "Se vocês não estão felizes, se vocês estão reclamando o tempo todo, vocês podem ir embora", disse ele em uma coletiva de imprensa fora da Casa Branca.

Questionado por um repórter se ele estava preocupado com o fato de seus tuítes terem sido acusados de racistas, Trump respondeu que não. "Isso não me preocupa porque muitas pessoas concordam comigo", afirmou.

O ataque de Trump pode ter sido uma estratégia para dividir os democratas, que debatem internamente sobre de que forma a oposição deve atuar e se o partido deve ou não iniciar procedimentos de impeachment contra o presidente. Mas os insultos presidenciais parecem ter gerado o efeito contrário.

Através do Twitter, as congressistas rebateram as declarações de Trump. "Você incita ao nacionalismo branco porque se irrita com o fato de que pessoas como nós sirvam ao Congresso e lutem contra sua agenda repleta de ódio", declarou Omar.

"É assim que o racismo se apresenta. Nós somos como a democracia se apresenta", disse Pressley. Já Ocasio-Cortez declarou que Trump tem raiva porque "não consegue conceber uma América que nos inclua".

Ocasio-Cortez e Pelosi vinham se envolvendo em uma disputa feroz dentro do partido, mas, após os tuítes de Trump, a líder democrata saiu em defesa da jovem congressista e disse que Trump quer "tornar a América branca novamente", fazendo uma alusão ao slogan de campanha do republicano que diz querer tornar os EUA grandes novamente.

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