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Despreocupação do mercado com inflação desafia meta do Fed

Emily Barrett e Matthew Boesler

23/05/2019 16h16

(Bloomberg) -- Quando se trata de inflação, o Federal Reserve tem dito ao mercado que espere o inesperado.

Os investidores não projetam pressões sobre os preços ao consumidor no curto prazo. Essa é a mensagem que pode ser lida nos preços dos títulos do governo dos EUA atrelados à inflação e no montante recorde que acabou de ser retirado do iShares TIPS Bond ETF, um fundo que detém títulos do Tesouro protegidos contra a inflação.

A mensagem é um problema para os formuladores de políticas do Fed que tentam cumprir seu dever de manter a estabilidade de preços, já que acreditam que as expectativas são um dos principais impulsionadores da inflação real. E a inflação baixa aumenta a pressão sobre o Fed para cortar as taxas de juros, algo que o banco central americano não está inclinado a fazer no momento.

A ata da reunião de 30 de abril a 1º de maio do Fed, publicada na quarta-feira, confirmou que muitos diretores concordam com a descrição do presidente Jerome Powell de que a recente desaceleração da inflação dos EUA é "transitória". Mas vários também sinalizaram "um risco de que as expectativas de inflação se ancorem" em um nível muito baixo, "um evento que poderia dificultar o cumprimento da meta de 2% para a inflação em uma base sustentável a longo prazo. "

Como os aumentos dos preços ao consumidor ficaram abaixo da meta de 2% do Fed em boa parte da década passada, não é de admirar que a inflação ainda não seja um tema muito discutido no mercado. Mas pode começar a ganhar mais relevância diante dos esforços do Fed de avaliar de forma ativa maneiras de cumprir as metas de inflação, como em uma conferência nos dias 4 e 5 de junho para discutir diferentes abordagens.

Lindsay Politi, da One River Asset Management, está entre os gestores que acreditam que o mercado está subestimando as pressões de preços como resultado da escalada comercial. As expectativas de inflação implícitas do mercado caíram ainda mais com as notícias de mais tarifas impostas pelos EUA e China, porque os investidores se concentraram no imposto para os consumidores, e com a ameaça à economia global. Politi tem como foco um provável aumento nos preços ao consumidor e uma oportunidade de compra no TIPS.

"Para mim, o mais interessante é que o risco tarifário está realmente sendo precificado apenas como um risco de crescimento, e não como um risco inflacionário neste momento", disse Politi, que administra portfólios globais atrelados à inflação.

Repórteres da matéria original: Emily Barrett em N York, ebarrett25@bloomberg.net;Matthew Boesler em Nova York, mboesler1@bloomberg.net

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