'Operação dos pagers' abre novo capítulo na guerra entre Hezbollah e Israel
A explosão de milhares de pagers na terça-feira (17), no Líbano, pertencentes a combatentes de Hezbollah, atribuída a Israel, abre um novo capítulo na guerra com o Hezbollah. A ação pode mudar de vez a dinâmica que está em curso desde 8 de outubro, quando a milícia libanesa passou a disparar contra o território israelense em solidariedade ao Hamas.
Henry Galsky, correspondente da RFI em Israel
Os números mostram a dimensão do que ocorreu na tarde desta terça-feira no Líbano e na Síria: a CIA estima que 45 mil combatentes façam parte do Hezbollah - 20 mil na ativa e 25 mil na reserva. Considerando-se a possibilidade de que todos os portadores dos pagers alvejados fossem combatentes (apenas uma possibilidade para efeito de cálculo), Israel teria atingido remotamente ao menos 6% do total do efetivo da milícia xiita libanesa de uma única vez e de forma simultânea.
O Hezbollah culpou Israel oficialmente e declarou que haverá resposta.
O governo israelense não costuma comentar este tipo de operação. Mas é difícil imaginar que outro ator regional teria a capacidade tecnológica, logística e de serviços de informação para realizar um ataque com tal complexidade.
Logo após a "operação dos pagers", a RFI recebeu uma indicação clara de que a ação foi realizada por Israel. Não se trata de uma confirmação formal, mas de uma fonte que nos informou sobre a ofensiva minutos após ela ter sido executada.
As aulas desta quarta-feira (18) nas escolas libanesas foram canceladas. Em Israel, por enquanto, não há novas orientações por parte do Exército para a população do país.
Lideranças de grupos que atuam na Cisjordânia, determinaram a seus homens armados que abandonem pagers e telefones celulares.