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Detectar eleitores de Trump, um problema para institutos de pesquisa

10/05/2024 10h36

Em quem você votará em novembro? Os institutos de pesquisas tentam detectar os eleitores que escolherão o republicano Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos para evitar subestimá-los como fizeram em 2020 e quatro anos antes, quando Donald Trump venceu Hillary Clinton. 

A vitória do republicano contra a democrata em 2016 surpreendeu o país, mas foram, sobretudo, as últimas eleições, vencidas por Joe Biden, as que obrigaram os institutos de pesquisa a reavaliar seus métodos. 

Segundo um estudo da Associação Americana para a Pesquisa da Opinião Pública (AAPOR), foram produzidos erros de "magnitude incomum", os piores em vinte ou, até mesmo, em quarenta anos. 

Por que até a véspera das eleições as pesquisas superestimaram o voto em Biden? 

Don Levy, diretor do instituto de pesquisa da Universidade de Siena, que publica projeções muito seguidas pelo The New York Times, não acredita que os partidários do magnata republicano sejam muito "tímidos" para expressar sua preferência. Mas são "mais relutantes a participar de uma pesquisa", e, às vezes, são hostis. 

"Donald Trump pediu aos seus eleitores que não respondam às pesquisas e, francamente, nunca tivemos que lidar com isso", diz Celinda Lake, cuja influente empresa de pesquisas trabalha para o Partido Democrata. 

"Em 2020 constatamos que os pesquisados eram mais reservados na hora de revelar sua intenção de voto", explica também à AFP Doug Schwarts, que dirige outro conhecido instituto da Universidade Quinnipiac. 

Mas "nossos esforços contribuíram para diminuir a rejeição", assegura sem entrar em detalhes. 

- Mais difícil e caro -

Todo mundo concorda que chegar aos eleitores na era dos celulares com filtro de chamadas é cada vez mais difícil e caro. 

Para corrigir a sub-representação de eleitores do candidato republicano, Don Levi sugere a pergunta sobre intenção de voto "de entrada". 

Ainda que os partidários do magnata de 77 anos, uma vez declarada sua preferência, sigam sem responder às outras perguntas, pelo menos consegue essa resposta, explica à AFP. 

Também aposta nas entrevistas por telefone, baseadas nas listas eleitorais, e se assegura de que os potenciais simpatizantes de Trump (por exemplo os eleitores brancos sem diploma universitário que vivem em zonas rurais) estejam sobre-representados. 

Celinda Lake, por sua vez, usa técnicas de modelagem estatística, mas se recusa a limitar-se a entrevistas telefônicas.

Ao telefone, você encontra pessoas mais velhas que "trabalham em horários regulares", não tanto jovens ou pessoas com empregos precários, diz ela. Ela defende uma abordagem "mista". 

"Usamos a Internet, enviamos mensagens de texto, ligamos para celulares e telefones fixos", continua. Seus entrevistadores tentam entrar em contato com a mesma pessoa "várias vezes". 

Além disso, "temos cada vez mais cuidado com a forma como começamos nossos questionários", disse Celinda Lake à AFP, para não parecer "muito tendenciosa" ou "muito progressistas".

- "Estados indecisos" -

"Por exemplo, perguntamos às pessoas o que elas acharam do jogo de futebol do dia anterior, ou outra pergunta que as faça pensar 'ele é como eu'". 

As empresas de pesquisa também dão muita importância aos "estados indecisos", que podem se inclinar para um partido ou outro, dependendo dos candidatos e de outros fatores. 

Nos Estados Unidos, os cidadãos não elegem diretamente o presidente, mas designam delegados em cada estado para votar em um ou outro candidato. 

Para vencer, Joe Biden e Donald Trump não precisam obter a maioria dos votos em todo o país, mas precisam vencer em vários estados decisivos, ainda que seja por margens muito estreitas. 

Em 2024, comentaristas e pesquisadores identificaram seis ou até sete, incluindo Arizona, Geórgia, Nevada e Pensilvânia. 

Paradoxalmente, Don Levy (Siena) teme que o desejo dos institutos de pesquisa de explorar esses estados, e até mesmo alguns distritos específicos, seja prejudicial.

"Algumas pessoas (que vivem em estados indecisos) podem se sentir 'muito sondadas'. E isso também pode influenciar" a confiabilidade das pesquisas, adverte ele.

aue/ev/erl/mar/dd

© Agence France-Presse

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