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Idoso de 98 anos enfrentou cheia de 1941 e precisou deixar casa pela 2ª vez

Alfredo de Souza Lima diz que agora número de mortos é bem maior - Reprodução/TV Globo
Alfredo de Souza Lima diz que agora número de mortos é bem maior Imagem: Reprodução/TV Globo
do UOL

Do UOL, em São Paulo

09/05/2024 19h10

Um morador de Porto Alegre precisou abandonar a própria casa novamente 83 anos depois. Mais de oito décadas após vivenciar a enchente histórica de 1941, Alfredo de Souza Lima, de 98 anos, se viu novamente ilhado. Nesta semana, ele e a filha foram resgatados e se mudaram temporariamente para um abrigo na zona norte da capital.

O que aconteceu

Alfredo de Souza estava na casa da filha no bairro Navegantes, na zona norte de Porto Alegre. Em entrevista à TV Globo, ele contou que a água subiu de maneira súbita.

Pai e filha foram resgatados de barco. Eles estão em um abrigo no bairro Bom Jesus. "A água começou a subir pela calçada e, de repente, eles [familiares] foram na frente e a água já estava no portão. Daí nós saímos. O sobrado era bem alto, mas também não tinha água nem luz", detalhou.

Em 1941, a segunda maior enchente do estado, Alfredo também deixou sua casa. Na época, ficou na casa de amigos. O homem relembrou que depois viveu com um irmão no interior do estado até que as águas baixassem.

Para ele, a maior diferença é que em 1941 a água subiu mais devagar, diferente do visto na enchente deste ano. "Naquela época encheu muito, mas foi lento. Subiu devagar. Não teve essa mortandade que tem como essa de agora. O que eu me lembro, que eu via falar, morreu uma pessoa eletrocutada que parece que caiu na água", afirmou o idoso à reportagem da Globo.

Relembre como foi a enchente de 1941

= - Reprodução / Acervo do Museu Joaquim Felizardo - Reprodução / Acervo do Museu Joaquim Felizardo
Enchente de 1941 em Porto Alegre (RS)
Imagem: Reprodução / Acervo do Museu Joaquim Felizardo

Até agora, 1941 havia ficado marcado como o ano da pior enchente da história de Porto Alegre. Entre os meses de abril e maio daquele ano, a cidade teve 22 dias de chuvas de maneira ininterrupta.

Na ocasião, as chuvas se distribuíram na chamada bacia hidrográfica da Lagoa dos Patos — que recebe as águas do Guaíba e outros rios do Rio Grande do Sul. Consequentemente, aconteceu a elevação do nível dos rios do estado.

Segundo o museu Joaquim Felizardo, o nível do Guaíba chegou a marca de 4,75 metros — de acordo com a CNN, algumas publicações falam até em 4,76 metros.

Cerca de 70 mil pessoas ficaram desabrigadas. Número equivale a aproximadamente um quarto da população da capital gaúcha na época, que era de 272 mil habitantes. Com as aulas suspensas, as escolas da cidade se transformaram em abrigos.

A arquiteta Elenara Stein Leitão compartilhou com o jornal O Globo uma carta de 1941 escrita por sua mãe, Helena Silva Stein, durante a tragédia. No relato, a então jovem de 16 anos conta detalhes da enchente histórica: "Os trens pararam e o telégrafo interrompeu. Estávamos simplesmente isolados do interior. Cinemas, colégios, Faculdade de Medicina e Direito ficaram cheios de flagelados e o governo sustentando todo o pessoal."

Rio Grande do Sul tem mais de 100 mortos

Além dos 107 óbitos, uma morte que pode estar relacionada às chuvas é investigada no estado. Há 374 feridos e 136 pessoas consideradas desaparecidas. Veja aqui quem foram as vítimas identificadas até o momento.

Quase 1,5 milhão de pessoas foram afetadas pelas chuvas em 428 municípios no estado, informou a Defesa Civil. 165.112 estão desalojadas e 67.563 estão acolhidas em abrigos.

Defesa Civil pede que moradores resgatados ainda não voltem para suas casas inundadas. O alerta vale principalmente para quem mora na região metropolitana de Porto Alegre. Segundo o órgão, esses locais atingidos ainda seguem sob alto risco e estão sujeitos a movimentos de massa e transmissão de doenças.

Novas chuvas são previstas no estado

Chuva com maior intensidade será entre o centro-norte e leste gaúcho, incluindo o litoral norte do estado e o sul de Santa Catarina, segundo o Inmet. Os volumes de chuva podem passar dos 100 milímetros entre os dias 10, 11 e 12 de maio.

Começo da semana terá rajadas de vento entre o oeste e o sul do estado. Entre o fim do domingo (12) e a segunda-feira (13), as rajadas de vento variam de oeste a sul, com velocidade acima de 30 km/h. Já na terça-feira (14), os ventos enfraquecem.

Essa condição acontece devido à instabilidade que retorna com mais força ao Rio Grande do Sul no fim desta semana. Inicialmente, como frente quente, uma vez que a frente fria recua de Santa Catarina para o estado gaúcho.

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