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Malafaia sobre milicianos: 'Se tiver policial envolvido, mando embora'

Pastor Silas Malafaia negou a relação com milicianos e afirmou que a denúncia teria ocorrido em 2018 - Reprodução
Pastor Silas Malafaia negou a relação com milicianos e afirmou que a denúncia teria ocorrido em 2018 Imagem: Reprodução
do UOL

Ranieri Costa

Colaboração para UOL

28/03/2024 11h49

A coluna do jornalista Lauro Jardim, O Globo, trouxe a informação de que registros do disque-denúncia contribuíram na investigação do caso Marielle e ligaram Robson Calixto (o Peixe), assessor de Domingos Brazão, com a atividade da milícia no Rio de Janeiro. Não apenas isso, mas, conforme a reportagem, Robson comparecia duas vezes ao mês em uma das igrejas lideradas pelo pastor Silas Malafaia, para receber uma quantia de dinheiro que a igreja deveria repassar para a milícia da região.

Para o UOL, Malafaia negou a relação e afirmou que a denúncia teria ocorrido em 2018, quando a igreja em questão, localizada no bairro da Taquara, região de Jacarepaguá, ainda não pertencia a sua denominação e não era liderada por ele.

Milícia e tiroteio

Em uma publicação feita por Silas Malafaia no X (antigo Twitter) ele afirmou: "Temos mais de 60 templos no RJ, cada igreja paga segurança própria de policiais em culto. Se algum policial que presta serviço de segurança em nossas igrejas está envolvido com milícia, é problema dele! Só na igreja sede eu tenho mais de 8 policiais que prestam serviço de segurança."

Em vídeo também publicado por Malafaia, cujo título é uma crítica ao que o pastor classificou como "insinuação querendo envolver a igreja que sou pastor com milicianos", ele justificou a necessidade de policiais atuando na segurança de suas igrejas, dizendo que apenas na igreja sede, param mais de 1 mil carros por cultos e que eram constantes os assaltos e roubos de carro.

O dia em que botei segurança, a primeira vez que eles (criminosos) vieram, depois que botei segurança, o pau quebrou, a bala comeu, eles caíram fora, nunca mais vieram.

Sobre o possível envolvimento destes policiais que atuam como segurança em suas igrejas, Malafaia argumentou: "Tem alguém da milícia? Não sei. Tem algum policial que trabalha em segurança em alguma igreja minha da milícia? Não sei. Eu não tenho bola de cristal, nem adivinhação."

Isso aí é uma falácia. Eu não tenho nada a ver com milícia. Se você me provar que tem algum órgão público que dê para consultar se um policial é da milícia, me avisa, eu não conheço. Se amanhã qualquer policial que tá em igreja minha tiver envolvido, eu mando embora, eu tiro.

Uma fonte ouvida pela reportagem contou que já morou em um apartamento que fica próximo a uma das igrejas de Malafaia na região de Nova Iguaçu (RJ) e que ali era comum tentativas de assaltos. "Numa tentativa de assalto que aconteceu ali, quando ele já tinha seguranças, houve troca de tiros".

A reportagem do UOL perguntou ao pastor Silas Malafaia se nesses episódios em que, como ele mesmo afirmou no vídeo, "a bala comeu", alguém ficou ferido e se foi realizado o boletim de ocorrência. "Só quero te dizer que nunca mais vieram roubar em frente a igreja; e garanto que se tivesse alguém ficado ferido, ia sair notícia em toda imprensa".

Irregularidades

O pastor Alexandre Gonçalves, que é agente policial da PRF e vice-presidente do SINPRF-SC (Sindicato dos Policiais e Servidores da Polícia Rodoviária Federal no Estado de Santa Catarina), aponta que "policiais têm dedicação exclusiva e não podem ter outro trabalho."

O advogado Thyago Cezar explica que apesar de irregular, "a proibição se aplica ao indivíduo, não aos que contratam", portanto, "não existe crime na contratação; quem é proibido é o policial, não o contratante".

Questionado pela reportagem sobre o fato desse tipo de contratação ser irregular, Malafaia declarou "Eu tenho membro da minha igreja que é policial militar e que é segurança da família Roberto Marinho. Restaurantes, empresas, artistas famosos, empresários grandes, tudo anda com policiais. Como se a única igreja que tem algum policial fosse a minha."

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