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Brasileiro tem desafio de criar música acessível a todos em Festival de Violoncelo na França

12/08/2022 13h25

O músico clássico brasileiro Kalie Akel mora na França há 10 anos. Ele acaba de lançar nas plataformas digitais um novo CD, "Aller presque sans retour". O compositor também participa atualmente do Festival de Violoncelo de Briançon, nos Alpes Franceses, onde tem o desafio de criar uma música acessível a todos os participantes do evento.

Kalie Akel nasceu em Belém e veio para a França em 2012, aos 23 anos, para completar sua formação musical. No Brasil, ele estudou durante 14 anos no Conservatório Carlos Gomes. Em Paris, fez composição musical no Conservatório do 12° Distrito e na Universidade de Paris 8, e se aperfeiçoou em violão e viola em um Conservatório Regional.

Atualmente, Kalie Akel é professor de violino, viola e orquestra no Conservatório de Lagny-sur-Marne, na região parisiense, concertista e compositor. Seu último CD, "Aller presque sans retour", ou "Ida Quase Sem Volta", foi lançado nesta semana nas plataformas digitais. O disco tem sete músicas interpretadas por ele, acompanhado por Diego Cardoso no violoncelo e por Cesar Birschner no piano.  

O CD explora várias sonoridades. "O CD tem uma forma cíclica que parte de uma melodia muito longe, e depois volta para um lugar mais aqui na Terra, com uma parte bem rítmica, e no final a gente volta para esse ambiente etéreo ", explica Kalie Akel.

As inspirações e influências do compositor também são diversas. "Com certeza influência brasileira, influência da música clássica europeia, mas especialmente latina com a parte rítmica, às vezes inspirado por Villa-Lobos, às vezes por Piazzolla, por Ginastera. É um apanhado geral da minha cultura, da minha vida", conta.

Festival de Violoncelo de Briançon

Kalie Akel participa atualmente como compositor e professor de violino e viola da 17ª edição do Festival de Violoncelos de Briançon, que acontece neste momento nos Alpes Franceses. Ele colabora com o evento desde 2019, quando compôs uma primeira obra original "Mirages nocturnes sur un sommet alpin" (Miragens noturnas de um pico dos alpes) para a orquestra de violoncelo do evento, formada principalmente por músicos não são profissionais, que fazem aulas durante o festival.

O desafio é duplo. Além de criar uma música accessível a todos os níveis, o brasileiro que é violinista e violista teve de compor para um outro instrumento. "Em Belém, eu tive a oportunidade de estudar violoncelo durante quatro anos. Essa vivência me ajudou, mas para escrever para a orquestra de violoncelos é sempre um desafio, sobretudo que o Fernando Lima, que é o violoncelista e fundador do festival, me deu algumas diretivas. Tinha de ser uma música tocada por todos", explica.

Ele lembra com emoção da estreia e interpretação de "Mirages nocturnes", há três anos, em uma igreja da cidade. "Foram 80 violoncelistas que faziam parte da orquestra (...) uma parte (da música) era só para quem estava começando o violoncelo; uma parte para os violoncelistas que já têm um, dois anos ou três anos de prática; uma outra parte para os amadores confirmados, e a quarta parte para os avançados".

Depois dessa primeira criação, Kalie Akel compôs um ciclo de músicas para orquestra de violoncelo. Cada música explora um aspecto diferente. "'Mirages' explora as tendências e sonoridades contemporâneas, para quebrar a barreira e dizer que o contemporâneo é acessível para todo mundo; a segunda 'Ailleurs' (Em outro lugar) é um serviço ao lirismo e a dramaturgia e também uma homenagem à ópera; a terceira, para contrastar, se chama 'Ici et maintenant'  (Aqui e Agora) trabalham mais a parte do ritmo e também da improvisação; E este ano, para fechar este cilco, a quarta 'Percu-Cello', onde o violoncelo é também. Um instrumento de percussão", detalha.

A música será tocada neste sábado (13) e domingo (14) na região de Briançon encerrando o Festival Violoncelles em Folie, criado e dirigido pelo brasileiro Fernando Lima de Albuquerque.

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