Ex-presidente Mesa denuncia que Evo Morales e seu partido tentam "destruí-lo"
Mesa foi convocado para depor pelos procuradores que investigam a crise política de 2019, que para o partido no poder foi um "golpe" contra o então presidente Evo Morales.
"Ao me acusar de autor do suposto golpe, Morales decidiu concluir seu plano, me destruir e destruir a principal força da oposição democrática no país, representada pela Comunidade Cidadã", declarou o ex-presidente em uma coletiva de imprensa em La Paz.
Segundo foi revelado, Mesa foi mencionado junto com cerca de 30 pessoas no depoimento que a ex-presidente interina, Jeanine Áñez, prestou recentemente ao Ministério Público pelo chamado caso do "golpe de Estado".
Mesa, que foi candidato à presidência nas eleições de outubro de 2019, reiterou que nessas eleições houve fraude e que por isso foram anuladas, e também lembrou que, em 21 de fevereiro de 2016, o povo boliviano disse "não" à reeleição de Morales e mesmo assim esse não respeitou essa decisão.
"Evo Morales é o autor da maior fraude eleitoral da democracia e de ter zombado do povo boliviano no 'F21' por não respeitar sua decisão contra sua reeleição por tempo indeterminado", destacou.
ACUSAÇÕES CONTRA O MAS E MORALES.
Carlos Mesa afirmou ainda que não dará explicações e acusou Morales, o atual presidente, Luis Arce, e o MAS de "mentir" e "deturpar" os fatos ocorridos em 2019, questionando inclusive a "legalidade" da constituição do governo transitório liderado por Áñez.
"Não dá explicações quem, como eu, fez e faria cem vezes o que deveria ser feito em defesa da paz, da democracia e da Constituição, que foi o que fiz entre 2018 e 2020", justificou.
"Como candidato presidencial enfrentei a autocracia e como democrata apoiei a recomposição da linha constitucional de sucessão que Morales tentou destruir para nos conduzir à guerra interna. Tarefa que teve a participação como facilitadores da Igreja Católica, da União Europeia, das Nações Unidas e da embaixada da Espanha", explicou.
Além disso, foi enfático ao dizer que com esta situação, "inventando um crime", Morales, Arce e o MAS buscam não só "destruir" seu partido, mas "conduzir o país a uma espiral de confronto em meio a uma profunda crise de saúde e desemprego".
O líder opositor disse ainda que o governo "subordinou os interesses do país" aos "seus próprios interesses" para que Morales possa "retornar à presidência a qualquer custo".
Evo Morales renunciou à presidência em 10 de novembro de 2019, denunciando que foi forçado por um suposto golpe de Estado, em meio a protestos e denúncias de suposta fraude eleitoral a seu favor nas eleições fracassadas.
A Bolívia viveu um vácuo de poder por dois dias, já que todos aqueles que poderiam suceder Morales constitucionalmente também renunciaram, até que a então segunda vice-presidente do Senado, Jeanine Áñez, assumiu a presidência interina após ativar um mecanismo de sucessão que teve a aprovação do Tribunal Constitucional.
Áñez e dois de seus ex-ministros estão presos há mais de três meses pelo envolvimento no chamado caso do "golpe de Estado".
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