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Lombardia decreta toque de recolher para conter avanço da covid-19

20/10/2020 10h23

Roma, 20 Out 2020 (AFP) - A Lombardia, a próspera região do norte da Itália e a primeira zona da Europa afetada pela pandemia de coronavírus, enfrenta um forte aumento dos contágios e aplicará um toque de recolher noturno a partir de quinta-feira (22), ao qual se unirá na sexta-feira a sulista Campania.

A medida na Lombardia, região mais populosa e industrializada da península, será a primeira do tipo na Itália desde o fim do confinamento generalizado. O toque de recolher terá início às 23h00 locais (18h00 em Brasília) e prosseguirá até as 5h00 locais (0h00 em Brasília).

A medida foi proposta pelo presidente da região, Attilio Fontana, e por vários prefeitos, entre eles Giuseppe Sala, de Milão, diante da escalada no número de casos de covid-19 na última semana e foi autorizada pelo ministério da Saúde.

O toque de recolher na Campania entrará em vigor a partir de sexta-feira às 23H00 locais, anunciou o presidente da região, Vincenzo De Luca, que não informou o horário do fim nem a duração da medida.

A Itália registra um forte aumento de casos de covid-19 desde sexta-feira, com mais de 10.000 infectados por dia. Muitos deles são na Lombardia, a região mais afetada desde o início da pandemia, em fevereiro e março.

Considerada o motor econômico da Itália junto com Vêneto e Emilia-Romagna, a Lombardia registrou, na segunda-feira, 1.687 novos casos dos 9.338 de toda Itália.

Desde o início da pandemia, foram registrados 128.456 casos (423.578 em todo país), incluindo 17.084 mortes (36.616 em toda Itália), conforme dados divulgados na segunda-feira pelo ministério da Saúde.

De 12 a 19 de outubro, o número de pacientes internados em hospitais da Lombardia aumentou 145%, e o número de pacientes em terapia intensiva, 126%, o que provocou o alerta das autoridades regionais, que pediram o toque de recolher e o fechamento nos finais de semana dos estabelecimentos de venda de produtos não essenciais.

Para as autoridades, uma das causas do aumento das infecções são as reuniões sociais noturnas, as festas e os deslocamentos que não podem ser controlados.

Desde o último sábado, a Lombardia introduziu medidas mais duras, com o fechamento de todos os bares e restaurantes a partir de meia-noite, assim como a suspensão de todas as atividades esportivas amadoras. Essas medidas foram estendidas para todo território italiano.

"Hoje temos 113 pessoas internadas em terapia intensiva. Existe o grave risco de que alcancemos 600 até o fim do mês (...) isto deixaria os hospitais em grandes dificuldades", explicou o prefeito Sala no Facebook.

Traumatizados após a primeira onda, marcadas pelas terríveis imagens de caminhões militares que transportavam dezenas de caixões em Bérgamo, os habitantes da região tendem a respeitar as medidas.

Então, por quê a Lombardia continua na linha de frente? "Provavelmente porque é a região mais ativa, a mais dinâmica, a região onde as pessoas fazem mais coisas. É uma região com alta densidade de população e alta concentração de pessoas nas cidades. Um número grande de pessoas facilita a transmissão", disse à AFP Francesco Bini, diretor do departamento de Pneumologia do hospital Garbagnate.

- Aglomerações no metrô -Alguns apontam as aglomerações nos três e estações de metrô de Milão como responsáveis pelo aumento da curva de coronavírus.

"As pessoas retomaram o ritmo normal. Não há mais distanciamento físico. Há várias semanas retiraram os sinais do solo e no metrô há multidões. Na minha opinião, cometeram um grande erro", comenta Alessandro Sigolo, de 57 anos.

Alguns médicos temem a segunda onda. "Não sei se vou aguentar", afirma um, enquanto o telefone não para de tocar, com dúvidas sobre uma tosse suspeita ou um caso de contato com uma pessoa que testou positivo.

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