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Ex-Lava Jato diz que Bolsonaro nunca teve compromisso contra corrupção

Carlos Fernando dos Santos Lima, ex-procurador da Lava Jato - ASCOM/MPF-PR
Carlos Fernando dos Santos Lima, ex-procurador da Lava Jato Imagem: ASCOM/MPF-PR
do UOL

Do UOL, em São Paulo

25/05/2020 15h59

O ex-procurador Carlos Fernando dos Santos Lima comentou o rompimento entre Sergio Moro e o governo de Jair Bolsonaro. Em entrevista à CNN Brasil, o ex-integrante da Operação Lava Jato disse que o presidente nunca teve compromisso com combate à corrupção. Lima chegou a afirmar que Bolsonaro "devia estar dormindo no plenário do Congresso" quando as investigações começaram.

"Infelizmente no Brasil nós vivemos um sistema em que você tem, nos dizeres de Leonel Brizola, que escolher entre o demônio e o coisa-ruim no segundo turno. Você tem que escolher e fazer escolhas que nem sempre são as melhores, infelizmente. Mas Jair Bolsonaro nunca apoiou a Lava Jato. Onde estava Jair Bolsonaro quando começou a Operação Lava Jato? Devia estar dormindo no plenário do Congresso. Ou quando nós fizemos a oitiva do ex-presidente Lula, ele não estava em lugar nenhum", disse o ex-procurador, se referindo também às eleições de 2018, quando Bolsonaro venceu o petista Fernando Haddad no segundo turno.

"Ele apareceu como um outsider que se aproveitou disso. Lei e ordem é sempre um fator importante em qualquer eleição. Ele foi o surfista que aproveitou essa onda. Mas desde o começo ele nunca demonstrou essa intenção. Mesmo porque logo no começo surgiu o esquema das rachadinhas no Rio de Janeiro. E isso desagregou qualquer interesse dele de ter um Coaf efetivo, transferiu esse Coaf para o Bacen, ele não apoiou as medidas anticorrupção e foi paulatinamente desautorizando o ministro Moro em diversas circunstância", afirmou.

Lima também disse que o então presidente eleito "enganou" Sergio Moro ao convidá-lo para o Ministério da Justiça. "Eu acho sinceramente que Bolsonaro é uma pessoa que nunca teve um compromisso efetivamente com isso, e infelizmente enganou o próprio ministro Moro, que saiu de uma carreira brilhante para o ministério", afirmou.

Sobre o futuro político de Moro após a saída do governo, o ex-procurador disse não considerar o ex-ministro como "o melhor candidato que nós poderíamos ter", mas que o cenário atual da política brasileira comportaria uma tentativa presidencial do ex-juiz da Lava Jato.

"Vivemos um momento em que pessoas que nem poderiam ser cogitadas para a presidência da República chegando ao poder, como Jair Bolsonaro. Então nesse cenário não vejo nenhum problema de o ex-ministro Sergio Moro, que é uma pessoa muito mais qualificada, moralmente muito melhor estabelecido nas questões nacionais, não vejo nenhum problema que ele seja. Mas eu creio, vendo comentários anteriores, que precisamos de um grande candidato de centro que nos afaste dessa polarização tola entre extrema-esquerda, que é o PT, e extrema-direita, que é o bolsonarismo. Se tivermos novamente que enfrentar esse tipo de situação no segundo turno, o Brasil vai perder mais quatro anos, ou pior, vai perder boa parte do futuro próximo. Seja Moro ou outro candidato, o centro, e não o Centrão, tem que produzir um candidato que tenha capacidade intelectual para o cargo", concluiu.

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