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Boris Johnson: UE deve abandonar questão da Irlanda para evitar Brexit sem acordo

24/08/2019 11h50

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que a União Europeia deve "abandonar" a questão delicada da fronteira irlandesa para evitar um Brexit sem acordo entre Londres e Bruxelas. Esse cenário se torna a cada dia mais provável, na medida em que se aproxima o prazo máximo para a conclusão do pacto entre o Reino Unido e o bloco europeu, 31 de outubro.

No cargo desde o fim de julho, Johnson faz sua estreia internacional na cúpula do G7 que começa neste sábado (24) na cidade de Biarritz, na França. "Não quero que não haja acordo. Eu disse aos nossos amigos da União Europeia que se eles não querem um Brexit sem acordo, temos que abandonar o backstop do tratado", declarou o premiê à imprensa, durante o voo que o conduzia à França. Ele se referia à cláusula prevista no texto sobre a fronteira com a Irlanda, entre a região que pertence ao Reino Unido e a que é membro da União Europeia.

O projeto de acordo prevê que, para evitar o retorno de uma fronteira física entre a Irlanda do Norte, britânica, e a República da Irlanda, todo o Reino Unido permaneça "um território alfandegário único" com a União Europeia. Esse é um dos maiores pontos de discórdia nas negociações para a saída dos britânicos do bloco europeu.

Para Boris Johnson, essa solução atinge a "soberania do Estado britânico" e impediria o país de ter uma política comercial independente das regras europeias, como desejam os defensores do Brexit.

O premiê ainda respondeu a uma ironia feita mais cedo pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que havia dito "esperar que o primeiro-ministro Boris Johnson não queira entrar para a história como o Sr. No Deal [Senhor Sem Acordo]. Porém, para o inglês, é Tusk quem ficaria conhecido por este apelido. "Se Donald Tusk não quiser ficar como o Sr. No Deal Brexit, ele deveria ter isso em mente", retrucou Johnson, referindo-se à polêmica questão irlandesa.  

"No Deal" preocupa

A possibilidade de um Brexit abrupto preocupa os setores empresariais, que temem as caóticas consequências econômicas, e divide os britânicos, inclusive dentro do Partido Conservador de Johnson, que possui uma ala interessada em manter laços com a União Europeia.

"Algumas pessoas questionam a decisão democrática tomada pelo país, temendo nosso afastamento do mundo", disse Johnson na sexta-feira (23), a respeito do referendo realizado em junho de 2016, no qual 52% dos britânicos votaram pela saída da UE. "Alguns pensam que deixamos para trás os melhores dias do Reino Unido. Para essas pessoas digo: estão erradas."

O primeiro-ministro britânico também afirmou que seu país "jamais ignorará as responsabilidades específicas que lhe cabem como pilar e arquiteto do sistema internacional".

Com informações AFP e Reuters

 

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