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Após eliminação na Copa, jogadoras do Brasil esperam mais investimentos no futebol feminino

23/06/2019 22h26

Na saída de campo após a derrota de 2 a 1 para a França pelas oitavas de final da Copa do Mundo, as jogadores da seleção brasileira conviveram com um sentimento de frustração pela eliminação, mas de orgulho por ter demonstrado garra e muita luta em campo. As atletas falaram da necessidade de renovação na equipe e mais investimentos para evoluir o futebol feminino no Brasil, citando a França como exemplo.

Com o jogo decidido apenas na prorrogação, depois de um empate de 1 a 1 no tempo regulamentar, a seleção foi um obstáculo muito mais difícil do que imaginam as francesas e a imprensa do país, que multiplicaram declarações antes da partida sobre as deficiências do sistema defensivo brasileiro.    

Superior tecnicamente, a seleção francesa explorou muitas falhas de marcação e decidiu a classificação com uma de suas armas mais fortes: um lance de bola parada com lançamentos para a área. A capitã francesa Amandine Henry, escolhida melhor em campo, aproveitou a bobeira e decretou a eliminação do Brasil.   

"Não está difícil assimilar. É simples, elas foram melhores que a gente. O jogo foi de igual, detalhes que decidiram a partida. Nós demos o nosso melhor, as meninas lutaram até o final, com muita garra, muita vontade. Isso não faltou. As pessoas não podem dizer que a gente não tentou. Infelizmente, nas oportunidades que elas tiveram foram mais felizes", afirmou Marta.

As adversárias do Brasil também exploraram em vários momentos as fragilidades da defesa, e chegaram ao primeiro gol depois de um drible da atacante Essayi sobre a lateral Tamires, que levou ao cruzamento para o primeiro gol. A zagueira assumiu a falha na marcação, apesar de ter estudado bastante o estilo das francesas, e preferiu destacar a recuperação da equipe, que chegou ao empate logo depois.

"O jogo foi decidido nos detalhes e a França foi superior neste quesito da bola parada. O Brasil está de parabéns por tudo o que demonstrou em campo. Caímos de pé e de cabeça erguida, fizemos um grande jogo. Caímos para uma equipe que vem crescendo e investindo no futebol feminino", acrescentou.      

A meio campista Thaisa, um dos destaques do Brasil em campo, estima que a seleção deu uma resposta às críticas que circularam antes do jogo. "Mostramos para elas (francesas), ao contrário do que estavam falando da gente, que a gente tem potencial, vinha forte", disse.  Thaisa espera que a campanha da equipe possa servir de estímulo para melhorar os investimentos do futebol, apesar de considerar que para os brasileiros vinculam sucesso e valorização no esporte por meio de títulos.   

"Mostramos para os brasileiros muita garra e esperamos que eles se apaixonam pelo futebol feminino, mesmo sem o título. O que eu sempre peço é um mínimo de estrutura para essa nova geração que está vindo. Não é salário alto nem nada, só infraestrutura para que elas possam treinar, se alimentar bem, para começar a evoluir e começar a ser considerada uma potência como a França", acrescentou.

Mais visibilidade e investimentos

Assim como o Brasil, a França não tem título de campeã no Mundial feminino de futebol, mas o país tem um clube, o Lyon, que domina as competições interclubes europeias. Para a lateral Tamires, o desempenho e a maior visibilidade para a seleção nesta Copa devem se traduzir em mais investimentos, como fez a França nos últimos anos.  "Hoje, demonstramos que podemos continuar batendo com grandes seleções. Se o Brasil continuar investindo, seremos nós a seleção a ser seguida (no futuro)", opina.  

Para Marta, capitã da equipe, a seleção brasileira deve servir de inspiração para as futuras gerações. "A seleção tem sempre que passar uma mensagem positiva. As meninas têm que sonhar, querer estar em um momento tão brilhante como esse, como é jogar uma Copa do Mundo, uma Olimpíadas. Mas que tenham a consciência que o trabalho é longo. Não é um trabalho curto, de meses, de anos e que tem que se preparar desde já", avalia.

Renovação

Com a eliminação do Mundial, o tema de renovação na seleção brasileira volta à tona, começando pela discussão sobre a eventual permanência da comissão técnica. Questionado pobre seu futuro após a partida que selou a eliminação da Copa, Vadão disse que cabe à Confederação Brasileira de Futebol e seus dirigentes avaliarem se permanece à frente da equipe e os próximos passos sobre o comando da seleção.  Ele lembrou ainda que os ciclos são definidos de acordo com o calendárioDos Jogos Olímpicos

Em entrevista à RFI, a capitã brasileira disse ter conversado com a meio campista Formiga, de 41 anos, que pretende ainda encarar mais um novo desafio: as Olimpíadas no Japão, no ano que vem. No entanto, não aprofundou sobre o futuro de outros membros da equipe.

"A gente não sabe de nada, o que vai acontecer com o resto, com Comissão (técnica). Nós somos atletas e somos destinadas a treinar. Logicamente, o que vai definir a nossa permanência na seleção e o que a gente faz no clube", concluiu a jogadora do time americano Orlando Pride.

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