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Pence repreende UE e rechaça pedido de Merkel para trabalhar com a Rússia

16/02/2019 10h50

Por Robin Emmott e Paul Carrel

MUNIQUE(Reuters) - O vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, repreendeu as potências europeias em relação ao Irã e à Venezuela, em um novo ataque contra aliados tradicionais de Washington, rejeitando o pedido da chanceler alemã de incluir a Rússia nas tentativas de cooperações globais.

Em discursos e conversas privadas na Conferência de Segurança de Munique, neste sábado, Pence e a chanceler alemã Angela Merkel expuseram visões conflitantes sobre como o Ocidente deveria lidar com as crises mundiais.

"Os Estados Unidos estão mais fortes do que nunca e, mais uma vez, lideram no cenário mundial", disse Pence a oficiais europeus e asiáticos, listando o que ele descreve como sucessos da política externa americana, do Afeganistão à Coreia do Norte, e pedindo apoio dos aliados.

"America primeiro não significa America sozinha", disse, exaltando os resultados da presidência de Donald Trump, e pedindo que a UE siga os EUA deixando o acordo nuclear com o Irã e reconhecendo o chefe do Congresso venezuelano, Juan Guaidó, como o presidente do país.

Falando a uma audiência que incluía a filha de Trump, Ivanka, o discurso de Pence foi uma tentativa do governo Trump de inserir a venda "America First".

Líderes europeus têm rejeitado a retórica de Trump, que consideram errática e disruptiva, citando que sua decisão de sair do acordo nuclear de 2015 com o Irã debilitou um acordo de controle de armas que impedia Teerã de ter uma bomba nuclear.

Mas Pence -que semana passada acusou Reino Unido, Alemanha e França de debilitar as sanções americanas contra o Irã - repetiu a exigência para que potências europeias se retirem do acordo.

"Chegou a hora de nossos parceiros europeus saírem do desastroso acordo nuclear com o Irã", disse e, posteriormente, pressionou Merkel sobre o assunto em conversas bilaterais.

Ele também reiterou para Merkel a oposição de Washington a um gasoduto construído por Rússia e a Alemanha por baixo do Mar Báltico. "Não podemos fortalecer o Ocidente sendo dependentes do Oriente", disse Pence.

Merkel, que defendeu os laços com a Rússia, disse não ser razoável presumir que a Rússia seja uma fornecedora de energia não confiável.

Ela questionou a decisão dos EUA de sair do acordo nuclear do Irã e retirar tropas da Síria como a melhor maneira de lidar com Teerã na região.

Segundo ela, seria errado excluir a Rússia politicamente, mas Pence disse que Washington estava "responsabilizando a Rússia" pela anexação de parte da Ucrânia em 2014 e pelo que o Ocidente considera ser um esforço para desestabilizá-lo por meio de ataques cibernéticos, desinformação e operações secretas.

"Geoestrategicamente, a Europa não pode ter o interesse de cortar todas as relações com a Rússia", disse Merkel.

Pence, que usou sua viagem à Europa para avançar a política de Trump de favorecer estados soberanos em vez de alianças ou blocos, atacou a UE em relação à crise política da Venezuela.

"Pedimos que a União Europeia avance na direção da liberdade e reconheça Juan Guaidó como o único presidente legítimo da Venezuela", disse, chamando o presidente Nicolás Maduro de um ditador que precisa renunciar.

Pence também aumentou a pressão dos EUA sobre empresas de telecomunicação chinesas, como a Huawei, pedindo que aliados evitem essas firmas e dizendo que a lei chinesa exige que elas deem a Pequim acesso a redes e informações.

O principal diplomata chinês Yang Jiechi rechaçou os comentários de Pence. "A lei chinesa não exige que empresas instalem portas dos fundos para coletar inteligência", disse.

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