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Testemunha diz que El Chapo pagou US$ 100 milhões a ex-presidente do México

16/01/2019 00h26

(Atualiza com novos detalhes do testemunho).

Nova York, 15 jan (EFE).- O ex-secretário de Joaquín Guzmán, o narcotraficante conhecido como "El Chapo", declarou nesta terça-feira que o criminoso pagou US$ 100 milhões em propina ao ex-presidente do México Enrique Peña Nieto.

De acordo com Alex Cifuentes, que trabalhou para El Chapo entre 2007 e 2013, o narcotraficante entregou essa quantidade a Peña Nieto através de um intermediário, identificado como "comadre María", segundo a mídia local.

Além disso, a testemunha apontou durante seu terceiro dia de depoimento no julgamento do narcotraficante que o pagamento teria ocorrido em outubro de 2012, dois meses antes que Peña Nieto tomasse posse como presidente, embora mais tarde tenha dito que não se lembrava da data exata.

Ele também explicou que foi Peña Nieto quem contatou "El Chapo" em 2012, após sua eleição, e que ele teria pedido US$ 250 milhões em troca de suspender a busca nacional pelo narcotraficante, ao qual o criminoso respondeu com uma contraoferta de US$ 100 milhões.

No entanto, Cifuentes afirmou que não testemunhou a suposta propina, mas que foi o próprio traficante que lhe contou os detalhes da suposta operação.

O porta-voz de Peña Nieto, Eduardo Sánchez, já negou em novembro do ano passado que o ex-presidente teria aceitado propina por parte do líder do cartel de Sinaola, depois que a defesa de El Chapo fez tal acusação.

"O senhor Guzmán pagou uma propina de US$ 100 milhões ao presidente Peña Nieto?", perguntou o advogado Jeffrey Lichtman durante o julgamento do narcotraficante à testemunha, que se limitou a dar um "sim" como resposta, segundo a imprensa local.

Cifuentes, preso em 2013 no México e extraditado em 2016 para os EUA, havia discutido essa questão com as autoridades americanas quando começou a cooperar com o governo, que está contido em três declarações juramentadas.

Durante o início do julgamento de El Chapo, em 14 de novembro, Lichtman acusou Peña Nieto e o presidente anterior, Felipe Calderón (2006-2012), de receberem "propinas" do narcotraficante Ismael "Mayo" Zambada García, sócio de El Chapo, o que ambos negaram.

Após aquela declaração, o advogado de defensa foi advertido pelo juiz do caso, Brian Cogan, que o recriminou por ter feito acusações sem provas.

Cogan também proibiu durante o interrogatório de Jesús "Rey" Zambada, irmão de Mayo, que questionasse sobre os supostos pagamentos aos ex-governantes.

Guzmán, extraditado em janeiro de 2016 aos Estados Unidos e em prisão de segurança máxima desde então, se declarou inocente de 11 acusações de narcotráfico, entre elas a de manter uma empresa criminosa contínua e lavar dinheiro, crimes que podem acarretar a prisão perpétua. EFE

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