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Cronologia de enchente no Rio Grande do Sul revela tragédia anunciada; veja

do UOL

Do UOL, em São Paulo

10/05/2024 04h00

As enchentes que atingem o Rio Grande do Sul resultam da combinação de um evento climático sem precedentes e da negligência das autoridades, após outros episódios parecidos sinalizarem a possibilidade de que uma grande tragédia se concretizasse, como mostra a linha do tempo dos fatos ligados à situação.

O que aconteceu?

Primeiros alertas de chuva forte saíram em 21 de abril. Até então, a previsão do MetSul era de "sucessivos episódios de chuva no estado, com altos volumes em algumas áreas". A expectativa era de que o volume acumulado de precipitação alcançasse até 200 mm em alguns pontos, entre o fim de abril e o começo de maio.

Quatro dias depois, MetSul alertou para risco de cenário parecido com verificado em 2023. No informe, o instituto informava que as chuvas poderiam durar vários dias, alcançar 300 mm e bater o esperado para dois meses em apenas sete dias. Como em 2023, uma onda de calor no centro do país canalizava a umidade para o sul.

No dia 27 de abril, Canoas, Novo Hamburgo e Porto Alegre registram os primeiros alagamentos. Três dias depois, Sebastião Melo (MDB), prefeito de Porto Alegre, anunciou a abertura dos primeiros abrigos na cidade, foram registradas as primeiras mortes por causa da chuvas e o Governo do Estado montou um gabinete de crise.

Guaíba subiu quase quatro metros em cinco dias. Na tarde do dia 30, o nível era de 1,4 metros. Acima de 2 metros, o Guaíba transborda, e já havia essa expectativa pelos recordes de cheias em seus rios contribuintes. O Guaíba bateria 4,3 metros em 3 de maio, alcançando a marca de 5,30 metros dois dias depois.

Cheia do Guaíba teve consequências. Em 2 de maio, o fornecimento de energia às cinco ilhas de Porto Alegre teve de ser interrompido. Com o recorde anterior de cheia —4,77 metros, registrado antes só em 1941— batido às 21h do dia 3, a capital gaúcha viu suas ruas alagarem e colapsou no fim da semana passada.

2023 foi aviso

O Rio Grande do Sul teve três enchentes com mortes no ano passado. Em junho,16 pessoas morreram após um ciclone atingir o estado. Em setembro, outro fenômeno do tipo deixou 54 mortos. Em novembro, chuvas mais brandas mataram outras cinco pessoas. Ao todo, foram 75 mortes.

Apesar dos episódios, investimentos na prevenção de enchentes não aumentaram substancialmente. No caso de Porto Alegre, o departamento da prefeitura responsável pela área fechou 2023 com R$ 428,9 milhões em caixa. Dados do Portal da Transparência mostram que o investimento estava em queda desde 2021.

Após tragédia, Governo do Estado recebe desalojados e doações. Um centro esportivo em Porto Alegre funciona como abrigo. Em Canoas, outro espaço acolhe 7.000 pessoas, de acordo com dados oficiais. Há dificuldade de obter mais informações consolidadas, já que o banco de dados estadual sofreu um alagamento.

O último balanço do governo gaúcho registra 107 mortes. O dado foi divulgado às 18h desta quinta (9). De acordo com o informe, 1,7 milhão de pessoas em todo o Rio Grande do Sul foram afetadas pelas chuvas e quase 330 mil estão desalojadas. São 431 municípios impactados e cerca de 70 mil pessoas em abrigos.

Há mais de 800 mil pessoas sem luz no estado. Em mais de 50 cidades, há problemas em pelo menos uma das três maiores operadoras de telefonia móvel do país — Tim, Vivo e Claro. Quase 1.000 escolas foram afetadas em 239 municípios, impactando mais de 350 mil alunos.

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